Rádio CN Agitos - A rádio sem fronteiras!!!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Triste cidade

No último dia 07 de novembro de 2010, aconteceu um incêndio numa casa no bairro Santa Maria Gorete, aqui em Currais Novos. Foi numa casa simples em que seu proprietário complementava sua renda fazendo consertos em estofados. O fogo começou por volta das 18:30, chamaram a Polícia Militar, mas esta pouco pode fazer além de acionar a Secretaria de Obras do município por um carro pipa. Meia hora depois se consegue o carro-pipa, mas “surpresa”, este não tinha água. Então lá vai o carro pipa lá para o Açude Dourado para enchê-lo d’água. Do açude ao local do incêndio, se somado o tempo para encher o reservatório do caminhão, tome-se mais uma hora e pouco. Resultado, quando o caminhão chegou pronto para debelar o foco de incêndio, quase nada havia sobrado, as chamas tinham consumido tudo. Por sorte não houve vítimas fatais, eu disse por sorte, por que na área tinha muitas crianças e o bairro é quase todo residencial. Só restou o prejuízo pra o coitado do morador, que além de perder as coisas que estavam em seu imóvel, também perdeu uma fonte de renda.
Sempre achei um absurdo, uma cidade do porte de Currais Novos, que polariza uma área geográfica relativamente grande, do Seridó oriental às margens do Trairi, não ter sequer uma “mísera” guarnição do Corpo de Bombeiros. Além dos incêndios, afogamentos em açude e emergências das mais diversas, estou cansado de ter notícias de acidentes automobilísticos gravíssimos ocorridos nesta região em que suas vítimas morrem a míngua entre as ferragens ou no chão áspero das estradas, enquanto se espera o socorro vindo da distante Caicó, cerca de 100 km.
E eu, enquanto forasteiro paraibano, quando pergunto aos nativos o porquê dessa situação, na maioria das vezes escuto como resposta algo como um evasivo “... é por que não se tem político forte pra trazer as coisas pra cá...”
Ora, mas o que diabos é um político forte? Por um acaso um deputado halterofilista? Claro que não! Talvez seja um mito criado, tal qual um duende, um unicórnio ou qualquer outro ser mitológico cuja existência é difícil de confirmar, ou é uma mera inoperância dos próprios cidadãos locais em exigir, organizadamente, os mais basilares serviços que uma cidade que almeja ser desenvolvida (e toda cidade sonha em ser grande e desenvolvida) deveria ter.
Este ano teve eleição, e muito embora não se tenha havido uma renovação substanciosa nos mandatários locais, principalmente no legislativo, não me lembro de ter concorrido nenhum “halterofilista” que tenha prometido ou se comprometido a trazer o quer que seja. O que ouvi foi só uma disputa para ver quem fazia o maior “pancadão”, ou quem tinha o “jingle” mais nauseante.
Triste da cidade que dependa de um político super-homem ou “halterofilista” para ter ambulância, saúde, segurança pública ou educação. Aliás, esperar de braços cruzados passivamente que as coisas venham graciosamente que as coisas venham é de uma passividade interiorana que chega a beirar as margens do irritante!
Enquanto isso, outras casas podem pegar fogo com danos materiais e possíveis perdas de vidas, mais gente vai continuar morrendo nas curvas da Sussuarana e da Maniçoba e nada do Corpo de Bombeiros chegar!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Boa Sorte, Presidente

Não é a primeira vez que digo aqui que nós, homens, temos uma dívida impagável com as mulheres. Os séculos de opressão e repressão às mulheres são tantos e tamanhos, que nem os mais cândidos cavalheirismos não são suficientes para sanar.
Os homens roubaram, e ainda roubam a dignidade e a capacidade feminina. Só nos últimos 60 anos, através dos movimentos feministas, a mulher teve a chance de se impor, pois antes eram consideradas meras rês, sem voz e sem voto, sem, nem mesmo direito a propriedade, ao estudo a gerir o próprio nariz.
As mulheres, não obstante terem prazos diferenciados para se aposentar, geralmente trabalha igual ou até mais que os homens e muitas vezes até recebem menos, pelas mesmas funções exercidas pelos homens. Além de todos os inerentes prejuízos impingidos pelo ainda presente chauvinismo machista, também sempre foram sub-representadas politicamente, e especialmente num país como o Brasil, em que estatisticamente existem duas mulheres pra cada homem, o Congresso Nacional apenas 6% é composto por mulheres, e esta distorção fica ainda mais dramática se compararmos com a vizinha Argentina, onde 40% do parlamento nacional deles é formado por mulheres. E se considerarmos a democracia como a forma política governativa em que a maioria deve mandar, enquanto a minoria deve se submeter ao que aquela determinar, isto pelo menos em tese, percebe-se que esta balança, aqui no Brasil, está bem desigual.
Contudo, no último dia 31 de Outubro de 2010, o Brasil deu uma mostra de maturidade política, engoliu um bocado de preconceitos e elegeu a primeira mulher presidente do Brasil, a Sra. Dilma Vana Rousseff. É lógico que eu não sou cego para ver a vitória de Dilma foi muito menos uma vitória pessoal dela e muito mais um forte aval do Presidente Lula de que ela continuará com as mesmas medidas da avanço social que ajudou a mudar a cara deste país nos últimos 8 anos. Mesmo com esse “porém”, a sua eleição não deixa de ser uma guinada de 180 graus na mentalidade política do brasileiro comum, tão afeito aos “masculinismos” na política, e em especial no Nordeste em que o coronelismo patriarcal com ecos ditatoriais é tão presente.
O que me chamou a atenção também foi a grande rejeição de Dilma junto ao próprio eleitorado feminino. Cansei de ouvir de muitas mulheres coisas do tipo: “não confio nesta mulher não” ou “mulher não nasceu pra mandar, nem pra ser presidente, ela ta pensando que é o que...”. Certamente, ainda existem mulheres mais machistas que muito macho, que acham que lugar de fêmea é em casa, esquentando a barriga no fogão e cuidando de criança. Com certeza elas perderão o bonde da história que está por passar.
Tudo isso mostra que se quisermos mudar radicalmente a mentalidade machista do povo brasileiro e corrigir democraticamente anos de injustiça política e social para com as mulheres, deveremos torcer desesperadamente por sucessos no governo da Presidente Dilma, pois só isso mostrará que uma mulher é tão ou mais capaz de gerir os destinos de um país inteiro. O sucesso de Dilma será o golpe mortal no que ainda resta de mentalidade machista ainda reinante, além do que elevará o Brasil à vanguarda dos seletos países que tiveram a sua frente mulheres, mudando estereótipos, revertendo paradigmas, construindo a plena democracia.
Por isso e por muito mais e que devemos todos, num imenso coro, dizer: Boa sorte, Presidente!

sábado, 9 de outubro de 2010

A Celeuma do Momento

A celeuma do momento, sem sobra de dúvida foi a eleição de Francisco Everardo Oliveira Silva, mais conhecido como Tiririca. Com 1.353.820 votos o palhaço cearense elegeu-se deputado federal no maior colégio eleitoral do país, o Estado de São Paulo. Porém até o momento em que escrevo ‘estas mal traçadas linhas’ (dia 09/10/2010 às 20;00 horas) ainda não um houve um posicionamento da Justiça Eleitoral sobre se o humorista sentará ou não num cadeira na Câmara em Brasília, visto que foi aceito uma representação pondo em dúvida sua alfabetização.
Mas este não é exatamente o “x” da questão, o que levou à debates inflamados e editoriais mais inflamados ainda nos principais meios de comunicação do país é; como um cidadão sem proposta alguma, sem postura, sem ideologia, que aparecia na propaganda eleitoral dizendo piadinha sem graça debochando do eleitoral e dele mesmo, consegue se eleger com mais de um milhão de votos?
O que seria isto? Voto de protesto? Ignorância política? A quantidade assombrosa de 1.353.820 pessoas apertando a tecla verde da urna para ver a foto de Tiririca parece não indicar nem uma coisa, nem outra. É praticamente impossível uma quantidade tão grande de gente que opte pelo voto de protesto, geralmente restrito a meros guetos eleitorais. Também não creio que devemos atribuir essa votação tão expressiva a uma “ignorância política”, pois vários candidatos igualmente caricatos tais como a Mulher Pêra, o pugilista Maguila e o humorista Batoré, não conseguiram se eleger.
Seria o que então? Carisma pessoal? Mas que tipo de carisma teria uma pessoa que usa uma peruca loira de náilon, roupas coloridas e conta piada sem graça? Vou deixar tais questionamentos aos cientistas políticos e ao leitor, caso queria entrar nas brenhas escuras da vontade do eleitorado brasileiro.
Mas uma verdade é maior e irrefutável: o que aconteceu foi fruto da democracia, pois a democracia consiste na vontade da minoria se submeter a vontade da maioria, e se a maioria se identificou com um palhaço semi-alfabetizado sem graça, quem somos nós para dizer que não, deixa então o Tiririca assumir o seu lugar na Câmara sendo sustentado por todos nós com um salário de R$ 16.000,00, mais verbas de gabinete somadas no valor de até R$ 60.000,00, mais auxílio moradia no valor de R$ 3.000,00, mais auxílio ‘passagem aérea’ na bagatela de R$ 4.000,00, mais 13º e (pasmem!) 14 º salário, além de duas férias anuais remuneradas. Tudo isso para ver “Seu” Francisco Everardo Oliveira Silva, brincar de ser deputado, pois não consigo imaginá-lo na tribuna cantando “Florentina”, nem tampouco consigo imaginar que tipo de projeto de lei ele apresentaria.

domingo, 26 de setembro de 2010

A Ciganada e a Micareta

O Brasil tem a maior população de ciganos da América latina. O Estado do RN tem a maior população de ciganos no Brasil. Povo nômade perseguido ao longo da história, incompreendido e geralmente não aceito por onde passa, massacrado desde a inquisição medieval até as purgações eugenísticas da Alemanha nazista.
Pouco se sabe sobe sua origem, se do norte da Índia, pois se percebe palavras e léxicas semelhantes entre o romani (a língua cigana) e o antigo sânscrito, ou do Egito Antigo, isto devido a transliteração do termo “Egipcianos”, transformado ao longo do tempo dando origem ao termo “Ciganos”.
No período colonial foram deportados aos milhares da intolerante Península Ibérica para o selvagem Novo Mundo, e aqui sentando raízes (raízes frágeis, porquanto nômades), misturando-se aos nativos, traficando escravos negros, enganando portugueses patéticos, influenciando a vida, e de certo modo construindo os novos costumes numa nova terra. Há quem diga que quem introduziu o acordeom (típico instrumento musical de origem indo-europeia) no forró, foram os ciganos. Há quem diga, também, que o gingado malevolente típico do samba, também é influência dos ciganos.
É inegável que por estar tão intimamente ligado, desde os tempos do Brasil colonial, o espírito cigano tenha contagiado a formação da brasilidade, não que isso nos faça um povo nômade, e pouco adaptável, mas sim, pela inquietude, pela coragem de ir de um canto para outro para garantir a sua sobrevivência, abrindo mão até mesmo dos confortos da sedentariedade.
Quem teve a oportunidade de passar pela Rua Lula Gomes durante o Carnaxelita, certamente viram várias redes puídas e encardidas estendidas ao longo das árvores do canteiro central ao lado de velhas e enferrujadas D-20’s e Mercedinhas, de carroceria de madeira, repletas de carrinhos de mão e caixas de isopor cheias de bebidas. Era gente que havia trabalhado, vendendo cerveja e refrigerantes, durante a noite inteira na festa do dia anterior, e que agora descansava ao céu aberto, debaixo do sol quente, para depois voltar a fazer tudo de novo enquanto durasse a micareta curraisnovense.
A imagem das redes velhas e das pessoas sujas e cansadas nelas deitadas, irremediavelmente me remeteu a lembrança dos pobres e miseráveis acampamentos ciganos que já vi na vida, principalmente em se sabendo que tão logo terminasse a festa do Carnaxelita, eles levantarão “suas tentas” e irão acompanhar os trios no percorrer do circuito dos carnavais fora de época em todo o Brasil.
Atentem bem, não estou dizendo que aquelas pessoas são ciganas não, são pessoas como nós, como eu e você, que na luta pelo pão de cada dia se sujeita às intempéries da estrada, pulando de cidade em cidade, em busca da sobrevivência. Seria o espírito cigano, contaminando a brasilidade, imposta pela necessidade de se vislumbrar pelo trabalho árduo e desapegado a terra, na procura de um amanhã melhor.
Por outro lado, para os que não encaram a estrada, ou seja, para os ficam só restam às perguntas que não querem calar. Será realmente que cidade lucra alguma coisa em estar no calendário dos carnavais fora de época? Há algum lucro, em algum setor que não seja o hoteleiro, em ter um carnaval fora de época? Será que as únicas coisas que sobram de uma micareta são ruas com o lixo batendo na canela e fedendo a urina, além de abuso de droga, álcool, e trabalho extra para Polícia?
Cidades grandes e médias, como Recife, João Pessoa e Campina Grande aboliram suas micaretas, porque perceberam que na medição do custo benefício perceberam não ser tão vantajoso assim. Será que ainda vale a pena ter uma micareta hoje em dia?

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O Brasil no Tabuleiro do Jogo do Mundo

Certo dia, o meu grande amigo Zandro chegou lá no meu local de trabalho e me jogou uma cópia Xerox de uma reportagem da revista de Veja de 14 de julho de 2010, acrescentando provocativamente: “... quero ver você defender o seu governo depois de ler isto...”.
Então comecei a ler a tal reportagem, muito embora soubesse que essa revista não tem mais a credibilidade de outrora, se é que algum dia já teve qualquer credibilidade, pois a postura editorial da Veja e do Grupo Abril é tão parcial e tendenciosa que chega a ser cômica. Mas por curiosidade e também por consideração ao amigo, li a tal matéria.
Nela, certa jornalista, Ana Cláudia Feitosa, com a ferocidade de um cão raivoso latindo avidamente enquanto escorre babas de ira critica a posição política do Itamaraty em se aproximar de pequenos países africanos, alegando em síntese que estes não são democráticos, expelindo rancor em prol de uma liberdade e democracia que pouco consegue definir.
O argumento simplório da revista não mostra que no jogo diplomático internacional existem mais mistérios e entrelinhas do que pode imaginar a nossa vã filosofia.
Não vejo os que criticam o posicionamento do Itamaraty no tabuleiro do jogo político mundial, criticar com a mesma veemência a política americana, nem o “American Way of Life” quando este também ataca, apóia ou financia sanguinárias guerrilhas de direita na África e na Colômbia.
Quando vi a foto de Guillermo Fariñas, que ilustra a dita reportagem, só me lembrei das fotos mais tristes e chocantes das crianças famintas na Etiópia dos anos 1980. Lembrei-me que os rebeldes do Deserto de Ogaden (apoiados exclusivamente pelos EUA) ‘gostavam’ de roubar cargas com ajuda humanitária só para ter o “prazer” de ver o povo passar fome e desestabilizar o governo etíope de então, ligado ao grupo dos não-alinhados.
E nem precisa ir muito longe, no tempo e no espaço, para detectar incongruências na política externa do Tio Sam, pois todos, eu disse todos, os “ridículos tiranos da América católica” (parafraseando Caetano Veloso), inclusive do nosso Brasil 1964-1985, foram bancados e lastreados pelo “maior defensor do mundo livre”, os EUA .
Então embarcar nessa “viagem” de atitude moral, no campo das relações diplomáticas, se não for ridículo, é no mínimo risível.
O Brasil faz bem em ocupar os espaços em branco no mundo, nisso concordo com o ex-ministro do desenvolvimento, Luis Fernando Furlan, Essa é a estrada dos tijolos dourados que temos que percorrer para nos tornarmos uma potência. Se não o fizermos, outros o farão. A China está fazendo isso agora, as potências decadentes do velho mundo (França, GB, Alemanha) já o fizeram, os EUA ainda o fazem. Então, por que não nós?
Mas aí, alguém pode argumentar: “esses países africanos são insignificantes”. Não importa. Espaços vazios existem para ser preenchidos, seja a Guiné Equatorial, ou a Jamaica, ou Santa Lúcia, ou a Suíça ou a França. Temos que tirar dividendos políticos, os dividendos econômicos vêm no rastro, temos que ser pragmaticamente frios como disse o chanceler Celso Amorim (que não é do PT).
O “isolacionismo” pregado pelos conservadores brasileiros mais parece com viralatismo com complexo de inferioridade.
Além do mais, não vou atacar, nem “cuspir no prato” de um modelo de Estado que acho mais justo e equânime, se o modelo de estado que NÃO acho considero justo nem equânime faz igual ou pior.

domingo, 25 de julho de 2010

Carta de uma professora portuguesa para Maytê Proença

Minha grande amiga, a poetisa norte-rio-grandense Maria José Gomes (nossa Eme Gomes) me mandou recentemente um e-mail recheado de indignação me informando que uma certa professora portuguesa, a Sra. Mafalda Carvalho, difundiu uma carta aberta na Internet falando ofensas ao nosso Brasil. O motivo dessa celeuma toda seriam declarações mal interpretadas da atriz brasileira Maytê Proença sobre Portugal e o povo português. Contudo, a reação da “doutora” Malfalda, buscando atingir Maytê Proença, “respingou”, mesmo de longe em todo o povo brasileiro. Leiam trechos da carta da “lente” portuguesa e a nossa resposta logo abaixo, e digam se estamos certos ou errados:
"Exma. Senhora:
Foi com indignação que vi a ‘peça cómica’ que fez em Portugal e passou no programa Saia Justa em que participa. Não que me espante que o tenha feito – está à altura da imagem que há muito tenho de si, pelo que me tem sido dado ver pelos seus desempenhos – mas sim pelo facto da TV Globo ter permitido que tal ignorância fosse para o ar.
Só para que possa, se conseguir, ficar um pouco mais esclarecida: A ‘vilazinha’ de Sintra é património da Humanidade, classificada pela UNESCO e unanimemente reconhecida como uma das mais belas e bem preservadas cidades históricas do mundo;
Em Portugal, onde existem pessoas que olham para o mouse do seu computador como se de uma capivara se tratasse, foi onde foi inventado o serviço pré-pago de telefones móveis (os celulares) – não existia nenhum no mundo que sequer se aproximasse e foi também o que inventou o sistema de passagem nas portagens (pedagios, se preferir), sem ter que parar – quando passar por alguma, sem ter que ficar na fila, lembre-se que deve isso aos portugueses.
É um dos países do Mundo com maior taxa de penetração de computadores e serviços de internet em ambiente doméstico. É o único país do mundo onde TODAS as crianças que frequentam a escola têm acesso directo a um computador (no próprio estabelecimento de ensino) – e em Portugal TODAS as crianças vão à escola... Muitas delas até têm um computador próprio, para seu uso exclusivo, oferecido ou parcialmente financiado pelo Ministério da Educação – já ouviu falar do Magalhães? É natural que não... mas saiba que é uma criação nossa, que está a ser adquirida por outros países. Recomendo-o vivamente – é muito simples e adequado para quem tem poucos conhecimentos de informática.
Somos tão inovadores em matéria de utilização de tecnologia informática e web nas escolas, que o nosso caso foi recomendado por especialistas americanos, como exemplo a seguir, a Barack Obama, que é só o Presidente dos Estados Unidos – ao Sr. Lula da Silva tal não seria oportuno, porque ele considera que a Escola não é determinante no sucesso das pessoas (e, no Brasil, a julgar pelo próprio, tem toda a razão).
A internet à velocidade de 1 Mega, em Portugal há muito que é considerada obsoleta – eu percebo que não entenda porquê, porque no Brasil é hoje anunciada como o grande factor diferenciador a transmissão por cabo, que já não nos interessa. Já estamos noutra – estamos entre os países do mundo com a rede de fibra óptica mais desenvolvida. E nesse contexto 1 Mega é mesmo uma brincadeira.
O ditador a que se refere – o Salazar – governou, infelizmente, ‘mais de 20 anos’, mas para a próxima, para ser mais precisa, diga que foram 48 (INFELIZMENTE, é mais do dobro de 20). Ainda assim, e apesar do muito dano que nos causou a sua governação, nós, portugueses, conseguimos em 35 anos reduzir praticamente a ZERO a taxa de analfabetos e baixar para cifras irrisórias o nível de mortalidade infantil e de mulheres no parto, onde estamos entre os melhores do mundo.
Criar uma rede viária que é das mais avançadas do mundo – em Portugal, sem exceder os limites de velocidade e sem correr risco de vida, fazemos 300 km em duas horas e meia (daria tanto jeito que no Brasil também fosse assim!).
Melhorar muito o nível de vida das pessoas, promovendo salários e condições de trabalho condignos. Temos ainda muito para fazer nesta matéria, mas já não temos pessoas fechadas em elevadores, cuja função é apenas carregar no botão do andar pretendido – cada um de nós sabe como fazê-lo e aproveitamos as pessoas para trabalhos mais estimulantes e úteis; também já não temos trabalhadores agrícolas em regime de escravatura – cada pessoa aqui tem um salário, não trabalha a troco de um prato de comida.
Colocar-nos na vanguarda mundial das energias renováveis, menos poluentes, mais preservadoras do planeta; enquanto uns continuam a escavar petróleo, nós estamos a instalar o maior parque de energia eólica do mundo (é a energia produzida a partir do vento).
Poderia também explicar-lhe quem foi Camões, Fernando Pessoa, etc., cujos túmulos viu no Mosteiro dos Jerónimos, mas eles merecem muito mais.
Ah!, já agora, deixe-me dizer-lhe também que num ponto estou muito de acordo consigo: temos muito pouco sentido de humor. É verdade." Mafalda Carvalho - Professora Doutora da Universidade de Coimbra
"li o texto e, sinceramente não vi nada de tão ofensivo ao povo brasilerio como um todo, por outro lado, a cidadã lusitana pegou pesado, e muito, com a própria Maitê ( detalhe, dona de um sobrenome "altamente" português: Proença ).
discordo só de uma coisa. O item 7 da introdução da carta diz que não temos o direito de reclamar por estarmos num declínio moral. Temos o direito de reclamar sim, desde que atinja de fato a nossa moral, e se temos uma moral "flexível" isto é culpa tão-somente de nossa colonização portuguesa, que ao invés da cultura do trabalho e desenvolvimento que a colonização anglo-saxã legou aos EUA, por exemplo, nos deu uma cultura da acomodação, da preguiça e da corrupção.
Se somos assim, a culpa é "deles"!

Por outro lado, até bem pouco tempo, mais ou menos uns 20 anos atras, Portugal era de fato o país mais atrasado do Velho Mundo. Não tinha indústria, a agricultura era fraca, não tinha estradas, nem mesmo fornecimento de energia elétrica decente, além do que tinha altíssimos índices de ANALFABETISMO e desemprego. Tanto que Juca Chaves cunhou aquela famosa frase:"...quando eu saio em turnê pelo exterior primeiro vou a Portugal e depois eu vou para a Europa..."
nesse tempo, de 'facto', Portugal tinha um desenvolvimento mais próximo ao da Nicarágua do que o da França.

Portugal só veio a mudar, e se desenvolver, quando entrou na União Europeia, e isso também é 'facto'.

a União Europeia adota uma política de nivelamento dos países que a integram pois sabe que isso é um fator de inibição da imigração ilegal. Por exemplo, um trabalhador português que se sujeita a receber um salário menor, por conta do desemprego no seu país, não imigraria para a Bélgica, e "tomaria" o emprego de um trabalhador belga, muito mais qualificado e que exigiria um salário maior.

por isso, a União Europeia injetou, e injeta, milhões em Portugal, Grécia e Irlanda (os três países mais pobres da Europa) justamente para "igualar" o nível de desenvolvimento e evitar a imigração.

Portugal só tem o desenvolvimento descrito na carta da Sra. Mafalda Carvalho por conta de duas palavrinhas mágicas: UNIÃO EUROPEIA.

alias, os contribuintes alemãs, finlandeses e dinamarqueses têm um desprezo enorme com os lusos, pois sabem que são os seus impostos e o seu trabalho que sustentam um bando de portugueses inúteis e preguiçosos.

agora suponhamos, apenas suponhamos, que de uma dia pra noite a União Europeía se acabe. Resultado? Em poucos anos Portugal voltaria a ser o charco atrasado da Europa.

e isso também é 'facto', ora pois pois..."

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Um burgo num mundo paralelo

Eis que surge dum vasto planalto
Num mundo paralelo
Um burgo espalhado
Numa grande campina
Campina Grande

Reencontrar Campina Grande
É como encontrar uma amante que não nos quer,
Um misto de flerte relutante com desejos irrealizados.

Reencontrar Campina Grande
É rever suas ruas de infâncias perdidas, adolescências eternas
Velhices etéreas, vidas pedidas
E um pouco mais de quase nada

Reencontrar Campina Grande
É mesmo se achar,
Rimas sem métrica
Versos sem ritmo
Águas espraiadas
Bueiros abertos
N’alguma esquina deserta
Dum recanto qualquer da memória

Reencontrar Campina Grande
De veias, mentes, sorrisos (amarelos) abertos
Como sempre
É vendo a cada momento em cada movimento
Não se importando onde se estar
Em seus açudes urbanos, praças, avenidas
Repletas de redemoinhos de pura alma no éter

Reencontrar Campina Grande
E dizer-lhe mais um choroso adeus,
Desculpa-me cidade antiga
Esse reencontro parece despedida
Perdoa-me se não fui um bom cidadão para contigo
O que me consola (ou aflige) é que te trago comigo
Pra onde quer que eu vá

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Um dia em que se para

Existe uma época, que se dar de tempos em tempos, em que as pessoas se irmanam, todos se congraçam. Inimigos fazem as pazes, famílias se reúnem. O comércio e a indústria liberam seus funcionários, funcionam a meia-voltagem, repartições públicas dão ponto facultativo. Parentes que moram longe voltam para as suas casas, se reúnem na sala, todos comem, bebem, ficam felizes. Errou quem pensou que essa época fosse o Natal ou a Semana-Santa, pois estamos falando da Copa do Mundo de Futebol, mais precisamente os jogos da Seleção Brasileira de Futebol.
Nenhum campeonato esportivo mexe tanto com um povo quanto a Copa do Mundo de Futebol mexe com o povo brasileiro, as pessoas vibram, param o que fazem, sabem detalhes da nossa seleção e os detalhes menores, como a escalação das seleções de países que mal se consegue localizar no mapa.
As campanhas publicitárias deitam e rolam e quase todo produto busca se relacionar com futebol ou a seleção, quando não muito os próprios jogadores ou até o técnico se tornam “astros” de propagandas.
Nada contra esse amor todo pelo futebol da seleção, muito pelo contrário, é até bonito de ver as ruas todas decorado de verde e amarelo, esse nacionalismo exacerbado, quem dera que esse “patriotismo” todo fosse não só para o futebol da seleção canarinho, mas para todos os níveis e em todos os sentidos, pois se o brasileiro comum devotasse toda essa energia, todos os anos não só para seleção, mas para tudo que é brasileiro, certamente teríamos um povo mais consciente da grandeza real que o Brasil tem.
Aliás, a única coisa que me incomoda é essa vinculação umbilical de uma mera seleção de futebol ao sentido intrínseco de nacionalidade, sem olhar ou se perceber de tudo o mais que existe ou pode existir além do futebol e que é bom, e, sobretudo, bem brasileiro, e não aproveitado. Ou seja, se a seleção vai bem, tudo no Brasil vai bem também, mesmo que não esteja, se a seleção vai mal, tudo vai mal, contudo não se sabe do que vai realmente mal. Essa vinculação da brasilidade com o futebol da seleção é perigosa só nesse sentido, pois ser cidadão de um país não é só torcer por um time ou selecionado.
Mas não quero ser estraga prazer, nem tampouco o pseudo-intelectual que não gosta de futebol, pois eu vou continuar torcendo pela seleção com a mesma intensidade e alienação como qualquer outro brasileiro, afinal somos o único penta campeão de futebol.
E como diz o grande escritor uruguaio Recaro Siambretta: “...haverá o dia em que todas as nações do mundo baixarão suas armas, abolirão seus exércitos, e decidirão todas as pendengas internacionais dentro das quatro linhas de um campo de futebol...”.
E quando esse dia chegar o Brasil será a superpotência que merecemos ser, pois somos os únicos penta...
...e rumo ao hexa.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Deixa Estar

No último dia 08 de maio de 2010, comemoraram-se os 40 anos de lançamento de “Let it be” o último disco (ou álbum, como preferem alguns) dos Beatles. Sei que não é comum se estar comemorando um lançamento de uma obra de arte, muito menos um disco de um conjunto musical, mas há de se convir, que Beatles não é exatamente só um grupo de sujeitos que toca música, ou uma simples banda de rock, e muito menos ainda “Let it be” não é um disco qualquer.
Costumo ouvir Beatles com a mesma reverência com que escuto Bach ou Beethoven, para mim eles estão no mesmo patamar eterno que se confere à música clássica. Aqui caberia uma breve definição do que seria música clássica, pois seria aquele tipo de música que jamais se deixa de ouvir, aquela música que está no imaginário e no inconsciente coletivo de todo o mundo, aquela que se ao se assoviar, qualquer um pode identificar, mesmo que não a conheça inteiramente. Música clássica, não é aquele som de violino chato, música clássica é música eterna, seja ela uma guitarra elétrica ou um oboé.
Beatles, Bach e Beethoven conseguem estender suas melodias pelo tempo/espaço. Até hoje, em pleno século XXI, os acordes iniciais do primeiro da 5ª Sinfonia de Beethoven é associado a suspense. “Jesus, alegria dos Homens” de Bach é padrão de música sacra. E Beatles mesmo sendo bem mais recente são candidatos certos a música eterna, pois quem nesse Planeta Terra não sabe solfejar uma cançãozinha sequer do FabFour. Uma das primeiras músicas que meu moleque de 13 anos cantou na vida foi “Ticket to Ride”, e isso sem qualquer intervenção minha.
Não é todo dia que a gente ver um clássico nascendo, muito menos ainda não é qualquer dia que se ver o ocaso de clássico ou a sua entrada perene nas brumas da eternidade. Como não tive a chance de estar na Viena do Século XIX e ver um Beethoven surdo regendo intuitivamente, e entre lágrimas, sua “Nona”, me resta o Século XX com os quatro caras de Liverpool.
“Let it be” é um disco melancólico, não uma melancolia explícita, e sim uma subliminar, se tem a todo o momento, da primeira a última música a sensação de adeus. A capa escura, mostra fotos de John, Paul, George e Ringo envelhecidos, meio cansados.
“Let it be” fechou uma década, uma década revolucionária que ajudou a humanidade a libertar-se do passado opressor e abrir as portas (da percepção) para um futuro cheio de possibilidades, ou como diria Lulu Santos, com a “habilidade pra dizer mais sim do que não...”. Os anos 1960, dos movimentos libertários, das ditaduras sangrentas e guerrilhas sonhadoras, de Paris e de Praga, da Tropicália e de Woodstock, das revoluções possíveis e das utopias alcançáveis, tudo isso ao som dos Beatles.
Os Beatles e os anos 1960 mudaram o mundo e ambos foram fechados com chave de ouro por “Let it be”, melancolicamente, contudo, inexoravelmente.

retificação

atendendo a pedido da família de Taninha veio aqui dizer que durante sua cruzada contra o terrível carcinoma que lhe abateu, ela teve um susbtancial apoio da prefeitura Municipal de Currais Novos e da liga Norte-riograndense de Cobate ao Câncer

terça-feira, 11 de maio de 2010

...inquietação...

Eu também escrevo sobre o que me incomoda, pois o que me irrita, o que me aborrece, também geralmente me inspira. Mesmo que desagrade a muitos e agrade a poucos, mesmo que ninguém leia, mesmo que estas palavras se percam no tempo e sirvam para enrolar o peixe na feira, ou ainda vá para o lixo ou sirva de proteção para o chão nas pinturas de imóveis. Mesmo que me cassem a palavra ou me tirem a tribuna, tão logo encontraria novas palavras ou uma nova tribuna para exorcizar a indignação nossa de cada dia.
Existe algo que me incomoda profundamente, e creio que não só a mim, mas a boa parte da humanidade também: a morte. Não a morte em si, mas tudo que nefastamente gira em torno dela, e, sobretudo suas causas e conseqüências.
Há alguns dias perdemos uma grande pessoa, uma grande mulher, em todos os sentidos, Tânia Maria Dantas Alves, a quem tive a sorte de conhecer. Sim, sorte, pois conhecer uma personalidade forte e ativa como a de Tânia é uma fortuna. Ela era uma mulher íntegra, mas extremamente brincalhona, alegre, contagiava a todos com sua espiritualidade e espontaneidade. Uma mulher linda, por dentro e por fora. Lamento profundamente não só sua partida, mas, sobretudo lamento não ter tido mais tempo para partilhar de sua amizade.
Tânia padeceu de um terrível carcinoma a que ela bravamente lutou por quase três anos, e pasmem, boa parte do seu tratamento foi custeado por ela própria. Isto é absurdo, inquietante e indignante. Como é que se permite que uma pessoa tire do seu bolso ou contraia dívidas para poder cuidar da própria saúde? Já não bastam o terrível desgaste e o impacto emocional de ter uma doença como esta, ainda ter que se preocupar em arcar com os custos do seu tratamento?
Temos que nos indignar e com razão, e mais que isso, por em nossas cabeças de forma definitiva que é obrigação do Estado prover saúde e tratamento médico de qualidade para todos os seus cidadãos de forma indistinta e para/contra toda e qualquer doença, inclusive carcinomas, sem que estes mesmos cidadãos tenham que tirar um único centavo do bolso. Temos que por em mente que o Estado (digo: município, estado-membro, União) existe, dentre outras coisas, e principalmente, para isto, e temos que berrar, gritar e exigir isto, sem concessões.
É absurdo, mas temos que exigir que o Estado cumpra com sua obrigação, nada mais nada menos, enquanto esse mesmo Estado nos enche de obrigações de impostos, essa equação definitivamente não é justa.
O que nos conforta, por assim dizer, é que pessoas queridas, honradas e dignas como Tânia jamais morrem, muito pelo contrário, estão e estarão sempre presentes, seja nos corações daqueles que, mesmo minimamente, tiveram a oportunidade de se encontrar com ela, como também na presença de seu forte espírito zelando pelos destinos do seu amado filhinho Gustavo.
E se a morte em si não é nada, sendo só um breve interregno para uma existência muito maior; não devemos dar adeus à Tânia, e sim um até-logo.
Até mais, Taninha, a gente se vê por aí...

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ryoki Inoue, um brasileiro ilustre

O Brasil de fato não conhece o Brasil, e isto nos faz de presa fácil ao interesse imperialista alheio. Temos aqui conosco potencial humano e talentos que nos deixam em pé de igualdade com as nações dita desenvolvidas mundo a fora, e mais, temos um diferencial que só o misto de latinidade, lusitanidade, sangue negro e índio podem dar.
Em suma, temos o que eles têm e, além disto, temos o “algo” mais que a pele morena é capaz de dar.
E mesmo até mesmo o mais “estrangeirófilo” é forçado a crer que nós brasileiro somos, parafraseando aquela música da Pitty, um povo “foda”!
Por exemplo, pouca gente sabe que a pessoa que mais escreveu livros no mundo todo, é um brasileiro.
Escrever um livro, não é uma empreitada fácil, envolve o uso de conhecimento fluente da língua e das formas subjetivas que propiciam a criação de mundos completos para quem ler, envolve uma cultura vasta e, sobretudo, inteligência, perspicácia, sensibilidade e observação da vida e do universo humano. Conheço muita gente de alto gabarito que com muito esforço consegue escrever um, dois ou três livros, e eu que o diga também, pois ainda não consegui sair do primeiro capítulo do meu próprio livro há mais de ano.
Mas José Carlos Ryoki Alpoim Inoue, um brasileiro, escreveu nada mais, nada menos que 1079 livros. Sabe-se lá o que é isso, a dimensão dessa marca. São mil e tantos livros, mil e tantas histórias completas com começo, meio e fim, mil e tantos universos para leitores viajar.
Uma pessoa como Ryoki Inoue, só poderia nascer no Brasil, pois só aqui pode se dar de forma tão harmônica o encontro de dois extremos, o lirismo português com a produtividade japonesa, resultado: o escritor mais prolífero do Planeta Terra.
Os críticos geralmente tentam diminuir esta marca. Alguns dizem que pulp fiction ( o estilo de boa parte deste milhar de livros escrito por Ryoki, com cerca de 39 pseudônimos) é previsível, literatura “inferior”, dentre outras bobagens. Mas daí que se ver que boa parte destes mesmos críticos sequer tem um único livrozinho que seja, nem mesmo um simplório e previsível livro de culinária, só isto já seria suficiente para tirar-lhes a razão.
Outros críticos dizem que quantidade não é qualidade, Marcel Pruost escreveu um único livro em vida, o mesmo se diz de Augusto dos Anjos e Fernando Pessoa. Ariano Suassuna , tem uns cinco ou seis, e por aí vai. Mesmo sem retirar o mérito devido a grandeza e intensidade de um Proust, Fernando Pessoa e seus heterônimos, e, sobretudo Ariano Suassuna. A marca de Ryoki não é desprezível de modo algum, além disto, seus livros são ricos de imagens, força literária, e guardada as devidas proporções, nada deixa a dever a qualquer marco literário nem daqui, nem de alhures.
Deveríamos todos nós brasileiros está plenos de orgulho por dividirmos uma nacionalidade com uma pessoa da dimensão de Ryoki Inoue. E que seus livros sejam mais e mais comprados, lidos, estudados e apreciados, e quiçá num futuro dos meus netos, que ainda nem sonham em nascer, seja, enfim o seu trabalho devidamente reconhecido e tenhamos o seu rosto como uma efígie duma cédula ou moeda, tal Câmara Cascudo, Cecília Meireles ou Drummond já tiveram. Não consigo imaginar homenagem melhor

quarta-feira, 31 de março de 2010

Pot'y'war

Estranho perceber
Que este chão que adotei
Outrora tão rico de vida
Vida própria, não importada de alem mar,
Jaz encharcado de sangue.

Gente caçada feito bicho,
Invasores impiedosos,
Holocausto indígena,
Lusitanos proto-nazistas.

A diferença,
Só que ao invés do “final-feliz” hebreu
Com direito a um estado só deles,
Aqui nada restou, nem a mais longínqua lembrança, nem o respeito,
Somente um ‘nome’ roubado
Potiguar.

sexta-feira, 5 de março de 2010

O fim do mundo

No final do ano passado o filme “2012” foi um dos maiores sucessos de bilheteria, multidões em todo mundo fizeram fila para ver justamente o fim do mundo. Efeitos especiais mirabolantes e uma agressiva campanha de marketing viral contribuíram para o sucesso. Mas o filme em si não é bom não, a história tem mais furo que uma tábua de pirulito e o diretor e roteirista Roland Emmerich seguiu a risca a cartilha hollywoodiana, em outras palavras, é um filme besta, tolo, morno, chato e previsível, e como toda produção americana o herói sempre escapa no fim, mesmo depois de ter “morrido” quase todos os coadjuvantes.
Mas suponhamos, apenas suponhamos, que o filme seja um pressagio, e que os maias e Nostradamus estejam certos. O mundo vai realmente acabar em 21 de dezembro de 2012. Para quem tiver predisposição para crer nisto sinais não vão faltar, os recentes terremotos do Chile e do Haiti, as crises globais, epidemias, gripes suína, bovina, aviária, enchentes e esse calor infernal que a gente sofre todo dia parecem mostrar realmente que chegou o fim dos tempos. É o Armageddon, o apocalipse! Oba!!! Oba!!! Nada mais restaria a não ser viver intensamente os últimos momentos da vida como a gente quer ou acha que deve viver, sem amarras e sem limites, sem se preocupar com as conseqüências nem com o dia depois de amanhã.
Mas calma aí, não deixe de pagar suas contas, nem pense em se declarar àquele amor impossível, nem muito menos dar um murro na cara daquela pessoa que não gosta de você, pois não existe nenhuma evidência clara, patente, efetiva e certa que o planeta vai realmente acabar daqui a dois anos.
Um fim do mundo abrupto e repentino, com data e momento certo, seria muito mais como uma bênção do que com um fardo. Seria como uma eutanásia para um paciente terminal, ou o tiro de misericórdia em animal agonizante, e parece que a humanidade não merece tal alívio. É duro, mas estamos condenados a um lento e doloroso epílogo, nada de dia e hora certo para o fim, e sim, um fim lento, devagar e extremamente sofrido.
Não pensem que o ocaso do homem é fruto da modernidade não. O fim do Homo Sapiens é uma coisa que vem sendo plantado lentamente desde quando nos entendemos por espécie. Mesmo no tempo de Nostradamus, quando ele escreveu suas famosas premonições, no século XV, a Europa vivia a peste negra, que dizimou mais da metade da população, aquilo sim parecia um fim de mundo que foi refletido nas suas centúrias. No México do século XVI, quando os maias fixaram a data final do calendário, viam a chegada dos colonizadores espanhóis com um novo modo de vida que acabou com língua, a cultura e modo de vida típico maia, isto para eles foi um fim do mundo, o mundo Maia. Até mesmo São João quando escreveu o Livro do Apocalipse, vivia-se um momento difícil com os romanos perseguindo os cristãos e destruindo o Segundo Templo de Jerusalém e isto aos olhos de uma pessoa do século I parecia o fim do mundo. E no século XX, com a Guerra Fria entre Rússia e EUA, parecia que o mundo ia acabar a cada 24 horas com um holocausto nuclear. E mesmo diante de tudo isso o mundo não se acabou e sempre houve como vai haver sempre um amanhã, com sol ou chuva, mas sempre repleto de esperanças.
A sorte do mundo, ou do Planeta, é que a cada fim que se anuncia ele renasce cada vez melhor e isto sem precisar das enormes arcas que aparecem no fim do filme “2012” e que salvam o que resta da humanidade para a segurança do continente africano sob a luz do amanhecer.
Esse eterno círculo de renascimento do mundo que vivemos todos os dias só me faz lembrar aquela música de Gilberto Gil: ”...Drão/ o nosso amor é como um grão/ uma semente de ilusão/ tem que MORRER para GERMINAR...”

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Uma Praga Para os Corruptos

Era uma vez uma cidade brasileira qualquer, de porte médio-grande-pequeno num estado qualquer.

Nesta cidade, numa eleição quaisquer se elegeram prefeito e vereadores, ou deputados e governador, que sem escrúpulo algum metem a mão no dinheiro público, seja diretamente, por desvio ou prevaricação, seja indiretamente, com licitações fajutas, seja por nepotismo, empregando todo tipo de parente e aderente, para não fazer absolutamente nada. E estes gatunos, ratos sujos do dinheiro público acumulam vastos patrimônios em detrimento da pobreza do povo. E isto está acontecendo agora, neste exato momento, não aqui ou alhures, mas em qualquer lugar em que aleatoriamente se apontar o dedo no mapa nacional.

A corrupção, em todas as suas formas e em todos os seus jeitos, é o mais hediondo dos crimes, muito embora não conste por lei na lista dos crimes hediondos. É tirar de quem não tem, é furtar de quem tem, e matar aos poucos, é desmanchar esperanças.

É tirar de quem não tem, pois cada centavo desviado de programas sociais é um sofrimento a mais nas costas de uma população já perenemente sofrida, sem falar que isto pode dar vazão pra certos grupos da Direita detonar e denegrir não só um, mas todo e qualquer programa social, em nome de um questionável superávit primário, deixando no desamparo os mais desvalidos, como sempre.

É furtar de quem tem, pois se eu pago meus impostos em dia, e exijo a nota fiscal nas compras que faço, no mínimo espero que o meu dinheiro vá para pagar um bom médico no pronto-socorro, para me atender se for necessário, que sirva para por um asfalto de qualidade nos buracos das estradas ou que ajude a manter uma escola descente com merenda farta e professores bem remunerados, e NÃO pra um “fulaninho” qualquer metido a besta, e que finge ser agente público, desfile de carro novo, compre mansão ou passei no exterior.

É matar aos poucos crianças que abandonam os estudos e as brincadeiras da infância para poder trabalhar e ajudar a família, e precipitar a morte de idosos que não chegam a ter aposentadorias descentes, após dar uma vida inteira de duro labor, é desmanchar esperanças que o nosso país seja mais próspero e desenvolvido do que ele procura ser.

A nossa sorte, ou redenção, é que o dinheiro amealhado por meio da corrupção é um dinheiro amaldiçoado, pois ele não prospera, não rende frutos nem gera dividendo, não vejo, não reconheço, nem me lembro, nesse momento, de nenhuma grande fortuna construída com base no roubo ao erário, e isto é um castigo para aqueles que crêem que podem enricar pelas custas da desgraça alheia.

Só para citar alguns exemplos, Adhemar de Barros, ex-governador do Estado de São Paulo e autor da célebre frase “... eu roubo, mas faço...”, outrora banqueiro e industrial, hoje sua família ostenta dívidas e sufoco. A Eucatex, empresa da família Maluf (que dispensa comentários), acabou de pedir concordata. As famílias Arruda e Gadelha na Paraíba, os Farias em Alagoas e os Godoy no Ceará antes oligárquicas e todas poderosas, atualmente sumidas numa merecida bruma de esquecimento.

Isto é só para lembrar alguns casos e sem contar as centenas de outros que a gente sabe que existe e nem estão tão distantes.

Àqueles que metem a mão no dinheiro do povo, nosso dinheiro, roga-se uma praga: suas riquezas furtadas e seus status de mentira não são eternos, talvez acabem mais cedo que se imagina, pois foram feitos sobre as lágrimas e o sofrimento de muitos, e não há nada melhor do que um dia após o outro, e o dia, em que vocês serão julgados, se não for pelo voto, vai pela cármica providência divina, chegará.