Rádio CN Agitos - A rádio sem fronteiras!!!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Cuidados com a democracia (parte II)

Rondônia e Paraíba, dois estados da federação, duas realidades distintas e, paradoxalmente, próximas. Dois exemplos do que não pode suceder quando dos usos democráticos.
Já foi dito alhures que a democracia é a concretização da vontade da maioria. E isto é correto e indubitável. Mas o que dizer se esta maioria é viciada, comprada, não representa a vontade máxima do povo, e sim uma relação mercantilista espúria onde o voto (a peça fundamental da manifestação democrática) torna-se objeto adquirível por preço vil?
E o que dizer daqueles que são eleitos não pela vontade soberana do povo, mas sim por uma maioria conquistada na base da compra, uma maioria viciada e ilusória, tanto do ponto de vista do povo, quanto do ponto de vista do governante?
Cássio Cunha Lima e Ivo Cassol, governadores paraibano e rondoniense respectivamente, ambos eleitos democraticamente, ambos cassados, ambos sustentados no poder por via de liminares judiciais capengas e precárias, lastreadas na possibilidade (quase-) concreta de prejuízo à administração pública por conta da “descontinuidade administrativa”. Estes são apenas dois exemplos dentre muitos neste nosso país, talvez hoje os mais notórios.
Rondônia, um dos estados brasileiros que mais cresce, a última fronteira do agronegócio, um dos maiores produtores nacionais de ouro.
Paraíba, não obstante ser um dos estados mais pobres da federação, tem um PIB e uma população equivalentes ao de um país como o Paraguai.
Dois estados nada desprezíveis. O que dizer da maioria de votos nestes dois casos? O que dizer do que seriam as expressões das vontades democráticas nestas ditas realidades? Ambas, de nada valem, milhões de votos, vontades populares, jogadas na lata do lixo, a democracia jogada na lata do lixo, e não sou eu que digo isto, foram as Cortes de Justiça superior, no caso o Tribunal Superior Eleitoral, que o diz, cassando os ditos governantes destes Estados.
Em ambos os casos, caso a cassação abandone o campo subjetivo das firulas jurídicas e pouse de barriga no duro e áspero solo da realidade, quem assumirá o cargo será o segundo colocado nos respectivos pleitos, numa total subversão do que seria o conceito democrático, pois não foram escolhidos pela maioria. Mas o que seria esta dita maioria? Seria uma vontade própria dos eleitores? Ou seriam os sonhos roubados dos mesmos?
Talvez este seja o texto mais nebuloso e cheio de interrogações já feito, nebuloso e cheio de interrogações como a própria democracia.
O que deveria ser a mais bela concretização do espírito grego coletivo da participação de todos ante a prática do poder e do governo transforma-se no tabuleiro sujo de um jogo espúrio em que a última coisa que impera é o interesse popular.
É muito triste, pois por vezes é difícil crer na democracia pura, na democracia grega, quando há tantos biltres mau caráter poderosos e ricos por aí, dispostos a construir e comprar uma maioria para poder manter-se ou chegar ao poder.
E é especialmente triste para mim, enquanto paraibano, ver minha terra natal como um dos exemplos mais patentes do que a democracia não deveria ser.
Mas mesmo assim, mesmo diante de tudo isto, devemos prestigiar a amar a democracia, pois ela, ainda, bem ou mal, representa o que somos, e mesmo o mais comprado dos governantes seria melhor do que o mais legítimo dos ditadores... (... será?)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Cuidados com a Democracia (I)

Ninguém duvida e nem questiona que, das formas políticas governativas, a Democracia é, dentre todas, a menos ruim.
Via de regra, a salutar alternância de poder mostra que, o Poder em si, está ao alcance de todos, de mim, de você, do sujeito na esquina etc., e não preso e adstrito em casta pseudo-aristocrática. De mais a mais, a participação direta dos indivíduos nas questões de estado, a chamada Democracia Direta, praticada desde os tempos da Grécia antiga, expõe que por vezes os súditos são mais ponderados do que os soberanos quando do trato de questões aos primeiros inerentes.
Além disto, acrescento um “que” pessoal e particular à minha admiração da democracia enquanto ponto de vista político e filosófico, pois eu, como muitos, nasci em plena ditadura, mais precisamente nos anos de chumbo do General Médici. Portanto diante de todo este “feedback” , não poderia eu, jamais, deixar de ser um entusiasta pela Democracia.
Porém, a Democracia, assim como o tabaco, a bebida alcoólica e outras drogas afins, deveria trazer aquela velha e boa tarjazinha em negrito que diz “este produto deve ser usado com moderação” ou “uso não aconselhável para pessoas inaptas”; pois a mesma democracia que constrói e permite a participação de todos, direta ou indiretamente, é a mesma que pode destruir e iludir.
Só para exemplificar, peguemos um exemplo dos mais amplos e contundentes. Os Estados Unidos da América, a odiosa e hedionda potência do hemisfério norte. Há oito anos, quando George W. Bush recebeu a presidência do Bill Clinton, recebeu também um país superavitário, com amplo crescimento interno, relativo prestígio externo e uma influência global sem precedentes na história humana, naqueles tempos parecia mesmo que a América suplantaria Roma na qualidade de maior império de todos os tempos. Hoje, este W. Bush lega a Barack Obama um país em recessão, decadente, deficitário e totalmente desprestigiado internacionalmente. Bush conseguiu o que antes era visto como quase impossível, ajudar a acabar com a supremacia americana no mundo. Detalhe, George W. Bush foi ELEITO democraticamente, foi o povo americano que botou ele lá.
Agora, fico a imaginar, se semelhante desastre se deu nos EEUU, que, mesmo com todos os seus defeitos, trata-se de uma democracia madura, o que dirá o que pode acontecer com o nosso Brasil, um democracia jovem, pobre e indigente, onde o voto pode ser comprado com uma cesta básica, um botijão de gás, uma camisa ou um par de sandálias Havaianas?
Mesmo o mais ferrenho oposicionista há de concordar, o Presidente Lula está fazendo um bom governo, o país está superavitário, os indicadores sociais estão melhorando, o Brasil é visto com bons olhos no exterior, está passando relativamente incólume pela atual crise internacional de crédito e é um dos mais fortes, em todos os sentidos, dentre o grupo dos países emergentes.
O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro é hoje 27% maior que a soma do PIB de todos os outros países da América Latina juntos. Lembrando que, no último ano do governo FHC, em 2002, o Brasil foi passado pelo México em tamanho de PIB. Uma diferença brutal dentre o ontem e o hoje.
A questão é, saberão os sucessores de Lula dar continuidade ao progresso obtido recentemente? Seguirá o Brasil a fórmula americana em que os governantes podem mudar a bel prazer as diretrizes governativas, ou a fórmula francesa em que os governantes estão atrelados a amarras legais se quiserem mudar os rumos do Estado?
Não sei, a única coisa que sei é que nada sei. Só sei que ao contrario do que diz a letra do hino o Brasil não é um “gigante pela própria natureza”, muito menos um “impávido colosso” nem tampouco uma “mãe gentil”. O Brasil está mais para uma criançinha frágil e doente, que está convalescendo e se recuperando de uma grave doença, tipo bronco-pneumonia fatal, ou algo que o valha, mas que está tomando os remédios adequados para ficar recuperada. Contudo, se pararem a medicação e expor a criança à “friagem”, ela poderá ter uma recaída, e voltar a ficar mais doente ainda... E aí não terá remédio que possa dar jeito e talvez nem tenha mais cura...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A Luta com a Palavra

Para uns, a palavra é a matéria prima da poesia. O tijolo básico da construção dos castelos mágicos e encantados e belos e líricos dos versos. Edificações cheias de encantos sublimes, a realização dos dons e dotes artísticos dos poetas (... minha nossa... como eu os invejo...).
Para os prosadores é a unidade básica e mínima dos seus universos imaginários e reais; para os filósofos é o elemento essencial de convencimento dos seus pontos-de-vista...
Para os filólogos e gramáticos um mero ganha-pão...
Para outros, a palavra deve ser incensada, cultuada acima de tudo, feito ouro, até mesmo de si.
Mas para Graciliano Ramos a palavra é somente para ser dita, e pronto.
Para mim, a palavra é minha válvula de escape, o exaustor da enorme agonia que trago no peito (... eco do pecado original??? Ou do ridículo original??? Que nem disse Oswaldo Montenegro). Pena que eu brigue com ela, lute, me esfole e me acabe com ela.
Minha relação com a palavra é conflituosa, eu não a tenho, ela me falta, para entrá-la não consigo, pois ela me foge. Lutamos continuamente, lutamos muito e muito ferozmente. Não é uma briguinha de tapa não, é murro e muito sangue.
A danada da palavra nunca vem quando preciso, e quando vem, não sai como eu quero, Ô CRITURA DESGRAÇADA!
Quero dominá-la, mas não consigo.
Necessito dela, mas não a tenho.
Eu objetivo fazer dela o meu púlpito (... tornar-se escritor...) mostrar ao mundo o meu mundo, ser visto, lido e compreendido por todos (toda a raça humana), ou simplesmente aliviar esse perene dor no peito... Mas não consigo, eu não tenho a PORRA do dom ou a MERDA do dote da palavra.
Se o demo, em “persona” a mim aparecesse e oferecesse tal qual a Jesus no meio do deserto, a proposta indecorosa “escolha... todo o poder do mundo, uma noite orgástica com a mais bela das mulheres, o sabor dos divinos manjares, A VIDA ETERNA, ou o poder sobre a palavra” eu ficaria com o último...
Mas não vi, nem quero ver o demo “in peçonha” e creio que ao escritor após o árduo mister de escrever, merece o refúgio, longe do mundo, longe de tudo, longe de si, só para se refazer e voltar a escrever.
Escrever, ato solitário, como solitária é a celebridade do escritor; não se vê nas ruas ou via pública grandes assédios para quem usa das letras sua manifestação artística, principalmente em nosso país tão pouco feito a leitura...
Mas para o verdadeiro escritor a fama não é nada, pois ele só quer se livrar daquela dor no peito... Mas para isto precisa da palavra.
E eu não a tenho...

domingo, 26 de outubro de 2008

Manifesto?

Certa vez inventei de mostrar um das minhas poesias à uma amiga escritora. Ela, muito cordial e educada a leu, contudo a crítica que dela esperava, nem de longe, era a que esperava. De pobre e sem sentido foi o mínimo que ouvi. Algo mais entre sem métrica, estética e sentido, lembro também de ter escutado.
Senti-me pequeno, diminuto, a menor e mais insignificante das criaturas.
A poesia é algo cruel. Por vezes abre-se diante de nós como a porta salvadora das agruras d’alma, por outras nos impõe hermetismos que, se forem obedecidos na risca, tolhem o ímpeto e o “aquilo” que se queria dizer.
Não sei se por minha pouca carga de leitura, ou pela doentia admiração que tenho por Drummond, mas sempre escrevi versos puramente livres, e ouvir que me falta estética e sentido, confesso, doeu, doeu muito...
Escrever poesia, e mais, dá-la a leitura alheia assemelhasse muito a desnudar-se. Na poesia o sujeito (poeta) se desnuda, não no sentido físico despojando-se das vestimenta, mas no sentido subjetivo despojando-se das armaduras sentimentais que a vida nos impõe, se mostra a alma, mostra a si, mostra o que ama e o que odeia, mostra até mesmo aquele mais escondido sentimento guardado lá na última gaveta do último esquecido móvel do quarto mais escondido, mais recolhido no último canto do muro da mansão do coração. Enfim, se está pelado aos olhos do povo. O poeta que faz questão de declamar seus próprios versos é antes de tudo um exibicionista que faz questão de mostrar suas intimidades aos olhares dos outros. Dizer que uma poesia é ruim é o mesmo que ir ao campo de nudismo e ouvir “hei, olha aquele cara, olha o tamanho do pinto dele!” “rá-rá, olha a bunda, uma é maior que a outra”, “vixe, quanta banha!!!”, “nossa, tão novo(a) e cheio de celulite”. O sujeito sente-se a pior das criaturas, afinal, aquele é seu corpo, nele está o habitáculo do seu espírito, o revestimento de si, aquilo com que espera ser apreciado e amado. Por mais que procure modificar o seu corpo, seja em procedimentos cirúrgicos ou pesadas séries de ginástica e esporte, sempre irá pairar a sombra de uma feiúra intrínseca e imutável desses ou daqueles comentários.
Os campos de nudismo deveriam ser proibidos a pessoas feias, a poesia deveria ser vetada aos iletrados e aqueles que não se adéquam a ditadura eterna da métrica (...e seus cegos seguidores)...
No sou hipócrita em dizer que a beleza em si seja ruim, afinal sou humano, e para nós da espécie homo Sapiens a beleza vem antes da ética, e da mesma forma que existem corpos esculturais, existem poesias sublimes, existem corpos feios, existem poesias feias
No entanto Drummond’s e Zé Ninguém’s devem viver em paz, sem persigção nem ataques diretos, ou então surgirão campos de extermínios para os corpos feios, tal qual os da Alemanha nazista que buscavam “limpar” da sociedade todos os feios que não se adequassem ao padrão nórdico (...e isto não é correto, principalmente se ver a vida pelo prisma do feio...afinal ninguém tem culpa em ser feio, judeu, negro, magro ou gordo, nordestino ou cigano, maconheiro ou evangélico...muito menos comunista...)
Os literatos pedantes sonham com grandes campos de extermínio onde os feios padecerão nas câmaras de gás!
Que direito se tem de impedir a exibição da feiúra alheia se esta não lhe agrada aos olhos?
As almas aflitas necessitam da poesia como os naturistas necessitam da nudez...cada um se exibe do jeito que quer e pode...
Será que não posso rasgar meu coração se o sangue que dele jorra não cabe numa estrofe?
Será que o olhar cínico, culto e esnobe dos literatos e letrados me negarão o direito de tirar minhas roupas sentimentais e expor a nudez das minhas entranhas sentimentais?
A pseudopoesia vem como uma tábua de salvação neste mundo tão afeito a regras!
Venham, venham todos, analfabetos, semi-alfabetizados, asnos de toda espécie, venham os iletrados, incultos, românticos desajustados, corações cheios de sangue prontos para jorrar sem sentido, sem formas de gelo, pequeninas, de métricas de um distante parnaso.
Venham aleijados, feios, barrigudos, flácidos, velhos cheios de pelanca, tirem suas roupas neste campo de nudismo livre, ninguém olhará se sua nudez fede, se seu anus está repleto de fezes, se tem só tem uma perna, se o pênis é pequeno ou grande, ou se o seu braço é maior que o outro! Tirem suas roupas!
Viva a pseudopoesia!

Introdução

Resisti, resisti o quanto pude, mas agora estou finalmente na blogosfera, um universo paralelo que pulsa em todo o Planeta Terra que caracteriza-se, principalmente pelo poder da livre expressão!
Antes eu relutava, olhava meio de lado, desconfiava, mas agora assumi, entrei de vez nesse mundo...
Sempre achei estranha esta nova forma de expressar dentro do contexto de uma outras nova mídia (a internet), mas escritores, personalidades políticas, crianças, o mundo todo enfim usam habitualmente do diário virtual...
Isto sim, diário...o blog. Em sua gênesis, nada mais é do encarnação nessa alvorada de século do velho e bom caderninho de anotações de antanho, com a diferença que todo o Planeta Terra pode ler...
E como todo bom “querido diário” o blog não tem obrigação de forma, nem nexo, é só aquele desabafo, a voz perdida, o terapeuta inexistente, o amigo irmão invisível, enfim, o companheiro de narrativa dessa vida.
Por ser diário (...no meu caso, nem tão diário...)não existe a preocupação de ser ou não eventualmente lido...ele existe por si só...
Então vamos começar:

QUERIDO DIÁRIO...