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terça-feira, 11 de novembro de 2008

A Luta com a Palavra

Para uns, a palavra é a matéria prima da poesia. O tijolo básico da construção dos castelos mágicos e encantados e belos e líricos dos versos. Edificações cheias de encantos sublimes, a realização dos dons e dotes artísticos dos poetas (... minha nossa... como eu os invejo...).
Para os prosadores é a unidade básica e mínima dos seus universos imaginários e reais; para os filósofos é o elemento essencial de convencimento dos seus pontos-de-vista...
Para os filólogos e gramáticos um mero ganha-pão...
Para outros, a palavra deve ser incensada, cultuada acima de tudo, feito ouro, até mesmo de si.
Mas para Graciliano Ramos a palavra é somente para ser dita, e pronto.
Para mim, a palavra é minha válvula de escape, o exaustor da enorme agonia que trago no peito (... eco do pecado original??? Ou do ridículo original??? Que nem disse Oswaldo Montenegro). Pena que eu brigue com ela, lute, me esfole e me acabe com ela.
Minha relação com a palavra é conflituosa, eu não a tenho, ela me falta, para entrá-la não consigo, pois ela me foge. Lutamos continuamente, lutamos muito e muito ferozmente. Não é uma briguinha de tapa não, é murro e muito sangue.
A danada da palavra nunca vem quando preciso, e quando vem, não sai como eu quero, Ô CRITURA DESGRAÇADA!
Quero dominá-la, mas não consigo.
Necessito dela, mas não a tenho.
Eu objetivo fazer dela o meu púlpito (... tornar-se escritor...) mostrar ao mundo o meu mundo, ser visto, lido e compreendido por todos (toda a raça humana), ou simplesmente aliviar esse perene dor no peito... Mas não consigo, eu não tenho a PORRA do dom ou a MERDA do dote da palavra.
Se o demo, em “persona” a mim aparecesse e oferecesse tal qual a Jesus no meio do deserto, a proposta indecorosa “escolha... todo o poder do mundo, uma noite orgástica com a mais bela das mulheres, o sabor dos divinos manjares, A VIDA ETERNA, ou o poder sobre a palavra” eu ficaria com o último...
Mas não vi, nem quero ver o demo “in peçonha” e creio que ao escritor após o árduo mister de escrever, merece o refúgio, longe do mundo, longe de tudo, longe de si, só para se refazer e voltar a escrever.
Escrever, ato solitário, como solitária é a celebridade do escritor; não se vê nas ruas ou via pública grandes assédios para quem usa das letras sua manifestação artística, principalmente em nosso país tão pouco feito a leitura...
Mas para o verdadeiro escritor a fama não é nada, pois ele só quer se livrar daquela dor no peito... Mas para isto precisa da palavra.
E eu não a tenho...