Rádio CN Agitos - A rádio sem fronteiras!!!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Flashes do passado, flertes com o futuro

O ano era 1991, Collor era o presidente da República e a moeda brasileira era o cruzeiro. Na televisão, “O Dono do Mundo” brigava com “Carrossel” pela audiência e o Papa João Paulo II fazia sua segunda visita ao país (... bem menos prestigiada que a primeira, diga-se de passagem). O mundo era outro, a moda era outra, MP3 e Orkut seriam peças de ficção científica e os celulares eram tão caros, grandes e pesados que comprá-los não valia a pena.

Neste ano, a história humana deu uma reviravolta que espantou a todos. O desfazimento da Rússia (então União Soviética) enquanto potência antagônica a hegemonia capitalista americana, acabou com os sonhos daqueles que acreditavam no socialismo real e até na possibilidade de êxito de uma possível ditadura do proletariado.

Para onde olhássemos via-se as coloridas e estridentes propagandas do capitalismo vencedor. A burguesia cantava sua vitória, muito embora tanto naquele tempo como hoje, muita gente ainda revire o lixo em busca do que comer.

Nesse ambiente, certo historiador nipo-americano chamado Francis Fukuyama foi à imprensa mundial e cunhou a sua famosa frase “... a história acabou...”. O contexto era o fim da guerra fria e queria dizer ele que o mundo entraria numa fase de prosperidade e democracia, livre das garras do Estado e regulado pelas “mãos ‘sábias’ e invisíveis” do mercado.

Nunca li nada de Francis Fukuyama, nem conheço a fundo seus escritos, nem a sua obra, mas sempre tive uma grande rejeição e antipatia por esta pessoa.

Diante das convulsões que a crise econômica americana que levou ao mundo recentemente a um beco sem saída, a falta de liquidez e principalmente o excesso de meio circulante SEM LASTRO, associado a ganância sem conseqüências está levando o mundo a beira do precipício e o que era sólido, desmancha-se no ar, e vejo agora, esse mesmo Fukuyama, todo sem jeito, se explicando sobre sua esdrúxula teoria.

A crise de 2008/2009 mostra um longínquo 1991, o mercado não tem, como nunca teve, uma “mão sábia e invisível”, muito pelo contrário, o que tem são tentáculos, como os de um monstro, para lá de visíveis, e que expõe aquilo de pior que pode ter o ser humano, a cobiça e a indiferença para com o próximo.

Quem, naquele distante 1991, imaginaria que empresas “sólidas” como a GM, a Enron, a Chrysler, IBM, a International Paper, entre muitas outras, estariam com o pires na mão, humildemente mendigando recursos do Estado? Quem imaginaria que os EUA, o farol máximo do capitalismo, estariam ESTATIZANDO empresas em nome da preservação de empregos?

Tudo isto era impensável no passado. Mas e o futuro, o que devemos esperar? Voltar a investir no socialismo real e na ditadura do proletariado, mesmo sendo o mais justo, não seria o de todo factível, visto que não existe no momento, pelo menos até onde eu saiba, nenhuma grande revolução em andamento. Continuar com o capitalismo selvagem e desregulado e desregulamentado, mesmo com a burguesia “véeia” querendo, também não dá, visto que não há mais espaço, nem dinheiro, nem financista safado e cara-de-pau de Wall Street que queira, mesmo porque nem os EUA agora apoiariam isto

Então, o que nos resta? Talvez a perspectiva de uma sociedade menos materialista e mais humana e solidária, onde as empresas sejam menos importantes que as pessoas. Uma democracia plena e participativa (graças a Internet), sem ditaduras nem de direita nem de esquerda. Um Estado social forte e presente na sociedade, regulando-a e protegendo-a, sem fisiologismo, nem “trem-da-alegria”, nem corrupção. Um Estado que seja capaz de proteger o cidadão dos financistas de chifre, tridente e enxofre lá de Wall Street.

Enfim, um mundo melhor e um Brasil menos injusto socialmente, mais forte e competitivo (...rogando-se ao Criador para que o DEM, e tudo o que este partido representa, não chegar a Presidência da República...)

Diante disto tudo, só me vem a mente aquela música do R.E.M, que fez grande sucesso em 1991, "It's the End of the World as We Know It (And I Feel Fine)".

domingo, 10 de maio de 2009

A Mulher pode!

Para as mulheres sempre foi relegado um papel secundário na sociedade ao longo da história. De objeto sem vontade própria a cidadão de segunda categoria, de “res” a mero bibelô sexual. Povoadora de Harém, repleta de mimos, contudo sem personalidade, ou sinhazinhas presas nas casas grandes da vida, prometidas em casamento para homens que geralmente não conheciam. A coisificação da fêmea sempre foi uma constante.
Tudo isto, de fato fez com que as mulheres ficassem aquém do homem em muitos aspectos, não por incapacidade da mulher em si, mas por um vasto cabedal de opressão a que ficaram sempre sujeito ao logo do tempo. Para se ter idéia, até meados do século passado, as mulheres eram proibidas até de aprender a ler, ou tocar um instrumento musical. Isto tudo sem falar na mais mesquinha das proibições, pois à mulher era terminantemente vetado o prazer sexual, seja ela honesta, de família, ou prostituta, aquela porque tinha que dar “exemplo”, esta por não ser “absolutamente nada”. Até hoje, em muitas culturas, principalmente na África e Oriente Médio, ainda se pratica a “circuncisão” feminina, que se constitui na extração cirúrgica e ritualística do clitóris, justamente para inibir, ou dificultar ainda mais qualquer sensação orgástica para a mulher.
E a repressão a mulher não é exclusividade dos cantos pobres do Planeta Terra não, nem tão pouco, nos países ricos dar-se tratamento mais igualitário, muito pelo contrário a Suíça só reconheceu o sufrágio feminino no início dos anos 1970, em Liechtenstein, país localizado entre a Alemanha e Áustria, portanto coração da Europa, mulher não vota nem pode se candidatar a nenhum cargo público. As estatísticas dizem também que Japão, Finlândia, França e EUA são nações campeãs em agressão doméstica a mulher e estupro. E por falar em EUA, há até quem diga que o partido Democrata de lá preferiu Obama como candidato por ter a certeza absoluta que seria muito mais fácil eleger um negro que uma mulher, no caso Hilary Clinton, tudo isso por causa do intransigente chauvinismo reinante no meio-oeste norte-americano.
Além dos usuais sofrimentos decorrentes da biologia (tais como TPM, dores do parto e por aí vai), a sociedade, geralmente fundada em bases patriarcais coloca às mulheres sofrimentos indizíveis, longe de poderem ser reparados com meros cavalheirismos.
A opressão machista que se impõe às mulheres ao longo dos séculos tem explicações das mais esdrúxulas, nunca tendo, ou sendo levado em consideração o ponto de vista da parte mais fraca nessa relação.
Para as mulheres sempre foi negado absolutamente tudo, o direito sobre o próprio corpo, a faculdade de exercer sua própria vontade e guiar o seu destino. Independentemente de origem, ou classe social, negar era, e ainda é, o verbo mais empregado com relação às mulheres.
Digo tudo isso porque ouvi recentemente de um amigo uma colocação no mínimo curiosa, dizia ele: “... fui educado na crença de que a mulher não mentia, não roubava, não ‘veacava’, não matava, hoje estou chocado, pois o que mais vejo é mulher mau caráter, velhaca, ladra, assassina, tudo que não presta...” e pior, que este meu amigo não dia isto em tom jocoso, de brincadeira não, dizia isto SÉRIO.
Mas será possível um negócio desses? Querem negar às mulheres até isto! O machismo imperante e relutante das conquistas feministas, obtidas a duras penas ao longo do último século, quer negar até a faculdade de escolher entre ser boa e ser ruim, de não prestar, de ser má, também é proibido às mulheres!!!
Isto só mostra que, além de não ser reconhecido seu lugar de direito na história humana, de na maioria das vezes ganhar menos e trabalhar mais, além de sofrer violência doméstica, além de ser desfavorecida pela biologia, além de tudo isto, e um pouco mais, a mulher NÃO pode ter um caráter duvidoso?
Que absurdo!!! Isto é o mais daninho dos preconceitos, atribuir à um gênero uma qualidade, virtude ou defeito perene, inerente a sua condição. Ser bom ou ser ruim são escolhas inerentes ao livre arbítrio atribuído ao ser HUMANO enquanto espécie, não um atributo específico de um determinado sexo. Se for tomar ao pé da letra o que o meu amigo disse, a simples escolha ou inclinação de personalidade também é proibido às mulheres
Por isso que digo, Mulheres sejam iguais, nada vos distingue do mundo dos machos. Vocês podem ser absolutamente tudo, inclusive serem más.