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terça-feira, 18 de novembro de 2014

A espada e a metralhadora...há cem anos




Pois é, 2014 está perto do fim e neste ano, dentre várias celebrações, foi lembrado os 100 anos da eclosão da 1ª Guerra Mundial, conflito que durou até 1918 e ajudou a moldar o mundo como o entendemos hoje.
“Comemorar” não seria bem o verbo mais adequado ao se referir a um confronto brutal que ceifou milhões de vida. A Primeira Guerra Mundial foi um marco divisor de como o Ser Humano  resolve guerrear, foi o último em que teve cavaleiros com espadas e o primeiro com aviões de combate, tanques de guerra e metralhadoras. Talvez seja por esta razão o número tão grande de baixas (números estes que superam os da 2ª Guerra Mundial  e muitos outros conflitos no século XX e até no nosso atual século XXI).
 Como parar uma barreira de soldados montados em cavalos, com espadas prateadas em punho, repletos de códigos de ética guerreira, senão por uma chuva de balas disparados por metralhadoras.
Nenhum lado dos beligerantes era maior ou mais avançados tecnologicamente, em todos os lados havia os chamados “elementos clássicos” de guerra e equipamentos modernos. O embate entre esses dois mundos é que causou o número estratosférico de baixas.
Curioso observar, também, o pouquíssimo número de histórias, filmes e livros que tem como cenário a I Grande Guerra. Talvez, porque ao contrário da II Grande Guerra (por exemplo), não havia um lado bom, ou uma causa justa. Na Segunda Guerra, os lados estavam muito bem delineados, o que permitia até mesmo uma perspectiva quase maniqueísta, pois era o embate entre as democracias contra as ditaduras, o mundo livre contra o nazismo. Na Primeira Guerra isso não aconteceu, o que se tinha era só o embate egoístico das potências econômicas europeias, cada uma mais cruel que a outra, cada uma só pensando nos seus próprios interesses coloniais, financeiro-econômicos, territorial e político, cada uma querendo passar por cima uma das outras.
Outra revoltante característica da 1ª Guerra Mundial, e mais do que qualquer outro conflito do que tenha conhecimento, foi a total despreocupação dos lideres para com a vida humana. Generais, presidentes, reis, comandantes em geral, mandavam centenas, milhares, milhões até, para as trincheiras como se estivessem num tablado de xadrez ou num tabuleiro de War, sem se preocupar com a individualidade de cada soldado daqueles que foram enviados, sem mostrar consideração com suas existências, suas famílias, suas histórias pessoais. Só para se ter uma ideia, no primeiro dia da Batalha de Somme, morreram cerca de 40.000 pessoas. Isto é quase a população de Currais Novos. Na Batalha de Verdun, em sua primeira semana, morreu entre 60.000 a 70.000 soldados, isto equivale quase a população de Caicó. Agora imagine Currais Novos inteira morrer em um dia, ou Caicó, em peso, falecer em uma semana!
E olhe lá que tanto Verdun quanto Somme, foram só duas longas batalhas, dois exemplos, desta guerra que ainda teve várias outras batalhas.
 Estes são números inconcebíveis hoje em dia. Mesmo tendo tanta guerra em andamento atualmente, existe uma preocupação evidente dos governantes mundiais com número de baixas nos campos de batalha, buscando minimizá-las o máximo possível, até mesmo no Oriente Médio.
As características únicas da primeira guerra, como o último com uso de espadas e mosquetes e o primeiro com metralhadoras, submarinos e aviões é que lhe confere um grau de brutalidade sem limites.
Alguns historiadores afirmam que na prática não houve “vencedores” nessa guerra, muito embora a Alemanha, e seus então aliados Áustria e Turquia, sejam tidos como oficialmente “perdedores”. Em razão do profundo desgaste havido por todas as nações envolvidas.  Aliás, em toda guerra não há vencedores só perdedores, mulheres que choram seus maridos, mães que choram seus filhos vidas que choram suas vidas perdidas. Mas essa dor, hoje dissolvida nas páginas dos livros de história, e nos números frios das estatísticas históricas, não tenha sido tão forte quanto neste embate que abriu o século XX e enterrou o mundo plácido do século XIX.