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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Joana e Ronaldo

Nestes dias em que a regra é sempre o “primeiro eu, o resto que se exploda”, onde o egoísmo e a ganância imperam e o cruel jogo da sobrevivência nos impele a passar por cima uns dos outros em nome do êxito e riqueza pessoal, é difícil crer que ainda possa existir um altruísmo autêntico e verdadeiro.

Também pudera, tantos e tantos casos de pseudo-filantropos que se aproveitam da generosidade alheia e até de fundos governamentais para locupletar os próprios bolsos nos fazem ficar “cabreiro” ante qualquer demonstração do que será algo verdadeiramente pensado para o próximo.

Mas não podemos perder a esperança e SIM o verdadeiro trabalho altruísta, pensado, gerido e voltado para o próximo, para os menos validos na vida, em detrimento do enriquecimento pessoal, existe e pode ser encontrado bem perto da gente.

Dois estados tão distintos e tão distantes um do outro neste nosso continental país. Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte, o Brasil se encontra na solidariedade, através da ação de um jovem casal, ele, um gaucho, Ronaldo Henzel, ela uma potiguar, currais-novense por sinal, Joana Darc, a primeira vista um casal como outro qualquer, gente de classe média, poderia se passar por um casal de profissionais liberais, comerciantes, funcionários públicos etc., mas não, eles exercem um dos mais nobres trabalhos filantrópicos, através da ONG (Organização Não-Governamental) Pão é Vida.

Quem não conhece o trabalho da ONG (Organização Não-Governamental) Pão é Vida, deveria conhecer. Eles escolheram como meio de vida desenvolver uma ação de inclusão social, fundado no trabalho voluntário e sem qualquer vinculação com órgãos públicos instituições ou igrejas, dentro de um velho ônibus Marcopolo II, eles peregrinam entre cidades do alto sertão de Pernambuco e Alagoas, uma das regiões mais sensíveis, para não dizer miseráveis, do país, levando muito além de um assistencialismo barato, mas sim profissionalização, capacitação profissional, oficina de leitura, assistência médica, tudo isto sem custo algum às comunidades.
Atualmente eles estão baseados na cidade de Santa Cruz do Capibaribe, Pernambuco, cidade conhecida não só pelas suas confecções, mas também pela sua incomum violência urbana.
É fácil criticar o estado por não estar presente nas comunidades mais desvalidas do país o difícil é arregaçar as mangas e buscar preencher os espaços vazios deixados por este estado ausente. E isto Ronaldo e Joana fazem.

Nesse mundo em que a ascensão social e o enriquecimento, ou tentativa de enriquecimento, a todo custo são uma regra, uma maldita regra que se impele passar uns por cima dos outros, lagar tudo, todas as regras deste jogo infame chega a beirar as fronteiras do absurdo. Absurdo?! Absurdo seria não pensar no próximo.

terça-feira, 12 de abril de 2011

O psicopata perto de nós

É difícil escrever sobre um assunto que está em evidência e que todo mundo comenta, principalmente quando o assunto é uma tragédia sem precedentes nesse país, como o infeliz Massacre no Realengo, fica sempre a sensação de que o que a gente disser já foi dito anteriormente, considerando que a grande mídia brasileira, sedenta por sangue e coberturas “jornalísticas” sanguinolentas, cobriu, cobre e com certeza cobrirá por vários meses à frente, todos os ângulos possíveis e imagináveis desta página lamentável da crônica brasileira.

Por outro lado, esta é a realidade que nos cerca, além do que uma desgraça dessas deve ser o principiador de análises racionais e, porque não dizer, frias, para evitar que se repita novamente gerando mais vítimas inocentes.

Faz um tempo que ando lendo um livro bem interessante chamado “Mentes perigosas, O Psicopata Mora ao Lado” de autoria da psiquiatra carioca Ana Beatriz Barbosa Silva. Neste livro, de linguagem rápida, direta e agradável e voltada ao público leigo, a autora expõe os diversos tipos de psicopatas e sua relação com o próximo. Fica patente, ainda de acordo com o contido na referida obra, que há uma gradação, um escala de psicopatia, além de existir os mais diversos tipos. Em outras palavras, um sujeito que nem o que invadiu a escola de Realengo e causou essa tragédia toda, seria só mais um dentro de uma vasta gama de tipos de psicopatas, seria o do tipo recluso, introspectivo, provavelmente vítima de bullying quando menor, que durante toda a vida nunca fez mal a ninguém só a si mesmo, mas que é capaz de “explodir” de um instante para outro, ou planejar uma “vingança” meticulosamente. Mas isto não o exime de culpa, pois ainda de acordo com o livro, o que difere um psicopata de um louco de verdade é que o psicopata sabe distinguir o bem do mal, sabe que o mal agride e ofende os outros e mesmo assim deliberadamente escolhe fazê-lo.

O livro de Ana Beatriz Barbosa Silva também deixa transparecer que o tipo de psicopatas que nem o assassino de Realengo é minoria, a grande maioria dos psicopatas são pessoas comunicativas, envolventes, extrovertidas, contudo não menos más, e que para se ter um quadro de psicopatia não é necessário matar, pode também perseguir, caluniar, roubar agredir física ou moralmente, matar seria apenas o último degrau numa escada aonde pode alcançar o psicopata.

A única coisa que liga todos os tipos de psicopatas, além da escolha deliberada de fazer o mal e da ausência de pena pelo que faz às suas vítimas, é total falta de motivos, ou pelo menos motivos plausíveis, para fazer o que faz. Um ou uma psicopata pode chegar para você e simplesmente dizer que não gosta de você, que não vai com tua cara, que o “santo não bate” e simplesmente acabar com a tua vida, não necessariamente matando, mas ofendendo, denegrindo, roubando, enfim praticando qualquer ato delitivo ou amoral, e todo isso sem motivo aparente algum, e pior de tudo, sem pena ou remorso. Não importa o que a vítima faça, ou seja, se é boa ou má, se tenha hábitos louváveis ou não, a vítima será a vítima simplesmente por existir.

Esta evidência é aterradora, pois só mostra que qualquer um pode ser vítima da psicopatia e que os psicopatas podem estar mais perto do pensamos, e qualquer um deles podem subir os degraus da maldade.