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terça-feira, 12 de abril de 2011

O psicopata perto de nós

É difícil escrever sobre um assunto que está em evidência e que todo mundo comenta, principalmente quando o assunto é uma tragédia sem precedentes nesse país, como o infeliz Massacre no Realengo, fica sempre a sensação de que o que a gente disser já foi dito anteriormente, considerando que a grande mídia brasileira, sedenta por sangue e coberturas “jornalísticas” sanguinolentas, cobriu, cobre e com certeza cobrirá por vários meses à frente, todos os ângulos possíveis e imagináveis desta página lamentável da crônica brasileira.

Por outro lado, esta é a realidade que nos cerca, além do que uma desgraça dessas deve ser o principiador de análises racionais e, porque não dizer, frias, para evitar que se repita novamente gerando mais vítimas inocentes.

Faz um tempo que ando lendo um livro bem interessante chamado “Mentes perigosas, O Psicopata Mora ao Lado” de autoria da psiquiatra carioca Ana Beatriz Barbosa Silva. Neste livro, de linguagem rápida, direta e agradável e voltada ao público leigo, a autora expõe os diversos tipos de psicopatas e sua relação com o próximo. Fica patente, ainda de acordo com o contido na referida obra, que há uma gradação, um escala de psicopatia, além de existir os mais diversos tipos. Em outras palavras, um sujeito que nem o que invadiu a escola de Realengo e causou essa tragédia toda, seria só mais um dentro de uma vasta gama de tipos de psicopatas, seria o do tipo recluso, introspectivo, provavelmente vítima de bullying quando menor, que durante toda a vida nunca fez mal a ninguém só a si mesmo, mas que é capaz de “explodir” de um instante para outro, ou planejar uma “vingança” meticulosamente. Mas isto não o exime de culpa, pois ainda de acordo com o livro, o que difere um psicopata de um louco de verdade é que o psicopata sabe distinguir o bem do mal, sabe que o mal agride e ofende os outros e mesmo assim deliberadamente escolhe fazê-lo.

O livro de Ana Beatriz Barbosa Silva também deixa transparecer que o tipo de psicopatas que nem o assassino de Realengo é minoria, a grande maioria dos psicopatas são pessoas comunicativas, envolventes, extrovertidas, contudo não menos más, e que para se ter um quadro de psicopatia não é necessário matar, pode também perseguir, caluniar, roubar agredir física ou moralmente, matar seria apenas o último degrau numa escada aonde pode alcançar o psicopata.

A única coisa que liga todos os tipos de psicopatas, além da escolha deliberada de fazer o mal e da ausência de pena pelo que faz às suas vítimas, é total falta de motivos, ou pelo menos motivos plausíveis, para fazer o que faz. Um ou uma psicopata pode chegar para você e simplesmente dizer que não gosta de você, que não vai com tua cara, que o “santo não bate” e simplesmente acabar com a tua vida, não necessariamente matando, mas ofendendo, denegrindo, roubando, enfim praticando qualquer ato delitivo ou amoral, e todo isso sem motivo aparente algum, e pior de tudo, sem pena ou remorso. Não importa o que a vítima faça, ou seja, se é boa ou má, se tenha hábitos louváveis ou não, a vítima será a vítima simplesmente por existir.

Esta evidência é aterradora, pois só mostra que qualquer um pode ser vítima da psicopatia e que os psicopatas podem estar mais perto do pensamos, e qualquer um deles podem subir os degraus da maldade.