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quarta-feira, 31 de março de 2010

Pot'y'war

Estranho perceber
Que este chão que adotei
Outrora tão rico de vida
Vida própria, não importada de alem mar,
Jaz encharcado de sangue.

Gente caçada feito bicho,
Invasores impiedosos,
Holocausto indígena,
Lusitanos proto-nazistas.

A diferença,
Só que ao invés do “final-feliz” hebreu
Com direito a um estado só deles,
Aqui nada restou, nem a mais longínqua lembrança, nem o respeito,
Somente um ‘nome’ roubado
Potiguar.

sexta-feira, 5 de março de 2010

O fim do mundo

No final do ano passado o filme “2012” foi um dos maiores sucessos de bilheteria, multidões em todo mundo fizeram fila para ver justamente o fim do mundo. Efeitos especiais mirabolantes e uma agressiva campanha de marketing viral contribuíram para o sucesso. Mas o filme em si não é bom não, a história tem mais furo que uma tábua de pirulito e o diretor e roteirista Roland Emmerich seguiu a risca a cartilha hollywoodiana, em outras palavras, é um filme besta, tolo, morno, chato e previsível, e como toda produção americana o herói sempre escapa no fim, mesmo depois de ter “morrido” quase todos os coadjuvantes.
Mas suponhamos, apenas suponhamos, que o filme seja um pressagio, e que os maias e Nostradamus estejam certos. O mundo vai realmente acabar em 21 de dezembro de 2012. Para quem tiver predisposição para crer nisto sinais não vão faltar, os recentes terremotos do Chile e do Haiti, as crises globais, epidemias, gripes suína, bovina, aviária, enchentes e esse calor infernal que a gente sofre todo dia parecem mostrar realmente que chegou o fim dos tempos. É o Armageddon, o apocalipse! Oba!!! Oba!!! Nada mais restaria a não ser viver intensamente os últimos momentos da vida como a gente quer ou acha que deve viver, sem amarras e sem limites, sem se preocupar com as conseqüências nem com o dia depois de amanhã.
Mas calma aí, não deixe de pagar suas contas, nem pense em se declarar àquele amor impossível, nem muito menos dar um murro na cara daquela pessoa que não gosta de você, pois não existe nenhuma evidência clara, patente, efetiva e certa que o planeta vai realmente acabar daqui a dois anos.
Um fim do mundo abrupto e repentino, com data e momento certo, seria muito mais como uma bênção do que com um fardo. Seria como uma eutanásia para um paciente terminal, ou o tiro de misericórdia em animal agonizante, e parece que a humanidade não merece tal alívio. É duro, mas estamos condenados a um lento e doloroso epílogo, nada de dia e hora certo para o fim, e sim, um fim lento, devagar e extremamente sofrido.
Não pensem que o ocaso do homem é fruto da modernidade não. O fim do Homo Sapiens é uma coisa que vem sendo plantado lentamente desde quando nos entendemos por espécie. Mesmo no tempo de Nostradamus, quando ele escreveu suas famosas premonições, no século XV, a Europa vivia a peste negra, que dizimou mais da metade da população, aquilo sim parecia um fim de mundo que foi refletido nas suas centúrias. No México do século XVI, quando os maias fixaram a data final do calendário, viam a chegada dos colonizadores espanhóis com um novo modo de vida que acabou com língua, a cultura e modo de vida típico maia, isto para eles foi um fim do mundo, o mundo Maia. Até mesmo São João quando escreveu o Livro do Apocalipse, vivia-se um momento difícil com os romanos perseguindo os cristãos e destruindo o Segundo Templo de Jerusalém e isto aos olhos de uma pessoa do século I parecia o fim do mundo. E no século XX, com a Guerra Fria entre Rússia e EUA, parecia que o mundo ia acabar a cada 24 horas com um holocausto nuclear. E mesmo diante de tudo isso o mundo não se acabou e sempre houve como vai haver sempre um amanhã, com sol ou chuva, mas sempre repleto de esperanças.
A sorte do mundo, ou do Planeta, é que a cada fim que se anuncia ele renasce cada vez melhor e isto sem precisar das enormes arcas que aparecem no fim do filme “2012” e que salvam o que resta da humanidade para a segurança do continente africano sob a luz do amanhecer.
Esse eterno círculo de renascimento do mundo que vivemos todos os dias só me faz lembrar aquela música de Gilberto Gil: ”...Drão/ o nosso amor é como um grão/ uma semente de ilusão/ tem que MORRER para GERMINAR...”