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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A dor e a droga



Em 23 de julho deste ano faleceu a cantora britânica Amy Winehouse. Com 27 anos de idade, carreira meteórica e dona de uma voz poderosa com forte influência em jazz e R&B, sua qualidade musical vai fazer falta ante a grande mediocridade que geralmente impera nas “paradas de sucesso” em todo o Planeta Terra.


Causa provável da morte: overdose de barbitúricos. Amy passou a integrar uma longa lista de celebridades musicais que morreram aos 27 anos, que vai do compositor clássico brasileiro Alexandre Levy até o vocalista do The Doors, Jim Morrison. Existe até mesmo um tópico na Internet, chamado o Clube dos 27, que lista todos os músicos, cerca de sessenta, que se foram nessa idade e de um jeito trágico. Curioso que tanta gente de talento tenha morrido deste jeito e com essa idade, parece ser uma idade limiar entre os impulsos da juventude e a serenidade da maturidade, quem não consegue passar deste limiar morre (quem quiser pode dar uma olhadinha na lista completa aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Clube_dos_27).


Mas este não é o “xis” da questão, o que importa é discutir como ainda tem gente que morre de overdose hoje em dia, mesmo com todas as campanhas de conscientização, mesmo com os arroubos da geração saúde, mesmo com tudo isso. Amy é só a ponto do iceberg, ela com sua fama e notoriedade chama atenção para o caso, mas o que dizer dos milhares ou mesmo milhões anônimos que sofrem com o uso das drogas, ou dos milhares de vidas que não estão sob os holofotes da fama que estão com suas vidas perecendo neste exato momento no mundo todo.
Vidas, pessoas, dramas pessoais, sob a influência de entorpecentes, ou melhor, dizendo, uso abusivo de entorpecentes. Há pouco mais de um mês o programa “A Liga” mostrou imagens chocantes de um menino de 12 anos com crise de abstinência de crack!


Pra não me chamarem de hipócrita, faço questão de ressaltar que existe uma droga lícita que tanto, e por vezes até mesmo mais estrago do que qualquer outra: o álcool.


Mas o que fazer? Proibir pura e simplesmente NÃO SURTE EFEITO, muito pelo contrário alimenta uma rede marginal de negócios cujos efeitos são bem conhecidos de todos.


Campanhas de conscientização? Também não creio que seja lá muito eficiente. A conduta moral questionável de certas entidades (friso: algumas, não de todas) de combate as drogas certamente surtem efeito contrário.


Talvez o abuso de drogas não tenha solução, seja algo inerente a característica suicida da personalidade humana, ou como diz o escritor norte-americano Tom Fontana “enquanto houver dor, haverá drogas” seja ela maconha, álcool, crack, cabaré, o terreiro de umbanda ou a igreja pentecostal lá da esquina.

O ser humano quer curar a sua “dor” de algum jeito, seja lá de qualquer jeito for, e sejam quais forem os tipos de dor, espiritual, na consciência, por pressões sociais, carreira, amores perdidos, frustrações da vida, abuso da família, busca existencial e por aí vai...

Assim como se cura uma física dor de cabeça com parecetamol ou A.S. (que não deixam de ser drogas), precisa-se de uma droga pra curar essa estranha dor metafísica da alma.

Essa dor é inerente ao Homo Sapiens, seja consequência da racionalidade, ou fruto do pecado original ou do carma, dependendo do seu ponto de vista filosófico ou religioso, mas ela, a tal dor, está presente, latente, em uns mais forte do que em outros, e nos mais fracos se afunda nas drogas, e nos mais fracos ainda, na morte em consequência destas.

Acredito que devemos mudar o foco, ao invés de combater drogas devemos combater A DOR!