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sexta-feira, 11 de março de 2016

I surrender



Que triplex que nada! Quem vai querer um apartamento num balneário ‘véi e fulero’ que nem o Guarujá? No Guarujá só tem praia de pobre, de farofeiro, orla suja e degradada. No Estado de São Paulo, os ricos vão pra Ilhabela, ou Maresias, orlas de gente fina, elegante. Guarujá não, o Guarujá é para o povão, para classe média baixa, metalúrgicos, comerciários. Tem prédio bonito lá? Óbvio que tem. Não tão imponentes quanto os de Ponta Negra (Natal/RN) ou Cabo Branco (João Pessoa/PB), mas tem, afinal, a classe “b” e “c”, andava bem capitalizada.
Então a celeuma do momento é um triplex no Guarujá. Qual seria o problema? O fato da sua reforma ter sido supostamente bancada por uma empreiteira? Não, nada disso. O problema é a localização: Guarujá/SP, simplório demais, pobre demais, sem estilo. Apartamento de “político chique”, acostumado a mexer no erário, com “autorização divinal e secular” de ter para si a coisa pública, tem que ser em Miami (Agripino) ou em Paris (FHC), ou quem sabe, um requintado chalé no sopé dos Alpes na Suíça (Eduardo cunha), e por ai vai. Eles podem.
Cansei de ver e ouvir esse papo coxinha de dizer “eles roubam faz anos”, gerações, décadas, a cara lisa de pau, passando de pai, para filho, para neto. Mas o PT não.
A impressão que se tem quando se vê uma Veja ou assiste um Jornal Nacional é que o PT foi quem instaurou a corrupção no país, o clássico “nunca se roubou tanto”. Antes o país era governado por gente proba, integra. É melhor acreditar em fadas viajando em disco voador do que em tal balela.
Eles podem. Eles têm autorização cartorária, hereditária, para fazer o que bem quiserem, sem serem perturbados por juízes narcisistas e desequilibrados que nem Sérgio Moro. Eles podem, pois é comum, é normal, bem típico desse país cujos poderes são tomados por DOUTORES SEM DOUTORADO.
O principal crime de Lula não foi favorecer empreiteiras, mas sim ser um sujeito comum, nordestino autêntico, pernambucano, retirante, sem estirpe, sem herança cartorária, que se atreveu a passar a linha entre os que podem e os que não podem, dos que dizerem “sim senhor” para os que se acham “seu doutor”. Isso no Brasil é um crime muito grave, tão grave quanto na Índia alguém da casta dos intocáveis se atrever a falar com um nobre.
Quer saber, eu quero mais é que essa história toda se acabe, Lula fique preso e Dilma Rousseff enxotada do poder. Botem um ‘filhinho da mamãe’ cheirando cocaína na presidência. Eu  quero ver mendigos nas ruas, crianças descalças, sujas e perebentas pedindo “uma esmolinha, seu Zé”, enquanto nos estacionamentos das universidades públicas estão repletos de SUVs e carros caros das patricinhas e mauricinhos da classe ‘a’.
Eu quero voltar no tempo, a segunda metade dos anos 1980, o tempo quando o PMDB governou tão bem esse país.
Petrobras? Para que esse país de povo vira-lata quer uma multinacional? Vende essa porra a preço de banana estragada que nem fizeram com Vale, a Embratel,  a Telebras. Fatia ela bem fatiadazinha e ainda joga uma pá de cal em cima só pra acabar de vez.
Pré-sal? Pra que quero essa porcaria? Dá logo essa bosta para Chevron, empresa branca de americanos, eles são ricos e inteligentes, vão saber tirar o máximo de proveito da última grande reserva de petróleo do Planeta Terra. O Brasil não merece isso não, não é digno de ter isso.
Eu quero ver a classe média rindo, sorridente, lendo a Veja e assistindo a Globo, falando mal do  país só por esporte, sonhando com uma viajem a Orlando ou para Londres , querendo imigrar para Portugal ou para o Canadá, enquanto cospe no chão, joga lixo fora da lixeira  e despreza a brasilidade.
Afinal, pobre no Brasil já teve privilégio demais, deve voltar para o seu lugar.