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quarta-feira, 24 de outubro de 2018

HORIZONTES NO FUTURO FACTÍVEL


Ao longo da História o embate entre o bem e mal permeou as estórias humanas. O perene combate entre a luz e as trevas, o bem contra o mal, o bom em detrimento do ruim, sempre esteve presente, de uma forma ou de outra, na literatura, nas artes, nas fábulas, e até na religião.
Invocando mais uma vez a História, o último e mais dramático exemplo do embate entre o bem e o mal, se deu na II Guerra Mundial. É certo contudo que em uma guerra, qualquer guerra, não há bons ou ruins, e se existe este conceito, depende de quem vença para escrever o relato, mas abstraindo esse ‘detalhe’, em poucas vezes um confronto traduziu tão bem a luta entre as luzes e as trevas. As democracias ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos da América, se uniram a Rússia, então União Soviética, para derrotar o nazifascismo. Capitalismo e comunismo se deram as mãos para peitar um inimigo comum, muito maior, representando tudo que há de pior, mais nefasto e abjeto, no espírito humano, e que o digam os 6 milhões de judeus sistematicamente assassinados nos campos de concentração, só para citar o exemplo mais patente.
Na disputa eleitoral de 2018, mais do que nunca, fica claro o embate entre bem e mal. De um lado temos Haddad, o bom moço, o cara estudioso, que curte rock, e que virou professor universitário, educado, cortes, voz mansa, tranquila, casado com a mesma mulher há quase 30 anos, filhos gentis e “low profile”. Do outro temos Bolsonaro, militar reformado, estilo fanfarrão, fala alto, grita, brande o indicador como o cano de uma arma, três casamentos nas costas, todos os filhos metidos na política, pelas mãos dele.
De um eventual governo Haddad, infelizmente distante, não se espera grandes percalços, retomada de políticas sociais, no campo externo fortalecimento do BRICS, Haddad seria uma grande presidente, discreto e eficiente, tecnicamente irrepreensível.
De Bolsonaro espera-se o oposto, zero em políticas sociais, perseguição e esvaziamento de direitos das minorias e marginalizados, privatizações a toque de caixa, estado mínimo, bem abaixo do necessário, no campo externo, total submissão aos interesses dos EUA. Há quem diga que o ‘sucesso’ de Bolsonaro é a autoridade que ele e seu discurso impõem, principalmente para uma classe média alienada, uma elite descompromissada com o país, e um povo acostumado a ser tangido feito gado, esse é o perfil em cada ‘classe social’ que vê em Bolsonaro um mito: o alienado de classe média, o rico que despreza o Brasil e o pobre que vai pra onde mandar que vá (repetindo só pra frisar!).
Mas a verdade é que Bolsonaro é um fascista, no que de pior que o fascismo pode representar, um fascistóide! E nem venham seus pequeninos bolsominions rebater que são frases tiradas do contexto, pois foram frases ditas por ele mesmo (podem checar, está na internet, que facilidade da vida moderna é um computador conectado): “eu sou favorável a tortura”, “no voto não se muda nada nesse país”, “temos que partir para uma guerra civil e fazer o que os militares não fizeram, matando uns 30 mil, pode morrer inocente, mas eu não tô nem ai não”, “temos que metralhar a Rocinha”, “vou banir esses vermelhos do país, ou é cadeia ou exílio” . Isso só meros exemplos do que esse sujeito já disse. Se isso não for fascismo, não sei mais o que pode ser.
E é pra um sujeito desses que a gente está dando a presidência do país, ele ainda sinalizou tirar o Brasil do acordo de Paris, que trata da prevenção as mudanças climáticas, aumentar a exploração da Amazônia, cassar os direitos dos indígenas e quilombolas (os novos judeus?), uma tragédia ambiental e humana, se hoje a Floresta Amazônica está sendo devastada e índios estão sendo brutalmente assassinados e dizimados, o que dirá se a prática for até incentivada por um governo, chacinas oficiais à vista.
Pois bem, todos sabem, até mesmo os seus mais ardorosos fãs, do pouco apreço de Bolsonaro tem com as instituições, não me admiraria se no curso do seu mandado, ele replique os Atos Institucionais ( os famosos A.I.’s da ditadura), não me admiraria se em pouco tempo, ele fechasse o Congresso e governasse mediante Decretos (como ‘bom’ ditador), não me admiraria se, em nome da segurança pública, fosse extinto o direito ao Habeas Corpus, não me admiraria se houvesse uma intervenção o Poder Judiciário. Censura as artes, a imprensa e a internet
E na cronologia clássica da ascensão de um fascista, não é difícil imaginar Bolsonaro ‘derrogando’ a Constituição de 1988 e outorgando uma nova constituição, sem constituintes, só de “notáveis”, abolindo cláusulas pétreas, direitos sociais e até individuais, acabando a Federação, extinguindo os governos estaduais e municipais, e ilegalizando, igualmente os símbolos estaduais e municipais, centralizando tudo em torno do governo central e sua volta, teríamos um ‘bolsonarismo’ um culto a figura do líder que guia o povo com mãos de ferro, um “Heil Bolsonaro!” braço erguido, só que invés da mão em riste, teríamos um indicador apontado, que nem um cano de revólver.
Na constituição bolsonariana será permitida a reeleição indefinidamente, quando ele morrer, já velho e caquético, assumirá um dos seus filhos, uma autêntica ditadura hereditária, no pior estilo do que foi os Duvalier no Haiti, os Saad na Síria.
Nesse futuro próximo remoto, o Brasil será uma terra devastada, sem indústrias, tudo dominado por empresas estrangeiras. As plantações verdejantes do sul e sudeste darão lugar a um deserto, pois a destruição da Amazônia e do Cerrado não facilitarão as chuvas.
O Brasil será uma distopia ‘a la Mad Max’, pior, com um povo lobotomizado, relativizando o sofrimento, acreditando no líder forte e centralizador, um “Messias”
O Brasil será uma terra devastada, com exceção de Brasília, não de toda Brasília, mas da área correspondente ao Palácio do Planalto, uma ilhota verde diante do mar ocre e cinza que será o resto do Brasil, lar do clã Bolsonaro
E se uma máquina do tempo jogasse um de 2018 nesse futuro, tal qual ‘De volta para o Futuro’, na indagação inocente de um George McFly: ‘quem é o Presidente do Brasil?’, a resposta seria: ‘ora, é o Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro Neto’