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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Triste cidade

No último dia 07 de novembro de 2010, aconteceu um incêndio numa casa no bairro Santa Maria Gorete, aqui em Currais Novos. Foi numa casa simples em que seu proprietário complementava sua renda fazendo consertos em estofados. O fogo começou por volta das 18:30, chamaram a Polícia Militar, mas esta pouco pode fazer além de acionar a Secretaria de Obras do município por um carro pipa. Meia hora depois se consegue o carro-pipa, mas “surpresa”, este não tinha água. Então lá vai o carro pipa lá para o Açude Dourado para enchê-lo d’água. Do açude ao local do incêndio, se somado o tempo para encher o reservatório do caminhão, tome-se mais uma hora e pouco. Resultado, quando o caminhão chegou pronto para debelar o foco de incêndio, quase nada havia sobrado, as chamas tinham consumido tudo. Por sorte não houve vítimas fatais, eu disse por sorte, por que na área tinha muitas crianças e o bairro é quase todo residencial. Só restou o prejuízo pra o coitado do morador, que além de perder as coisas que estavam em seu imóvel, também perdeu uma fonte de renda.
Sempre achei um absurdo, uma cidade do porte de Currais Novos, que polariza uma área geográfica relativamente grande, do Seridó oriental às margens do Trairi, não ter sequer uma “mísera” guarnição do Corpo de Bombeiros. Além dos incêndios, afogamentos em açude e emergências das mais diversas, estou cansado de ter notícias de acidentes automobilísticos gravíssimos ocorridos nesta região em que suas vítimas morrem a míngua entre as ferragens ou no chão áspero das estradas, enquanto se espera o socorro vindo da distante Caicó, cerca de 100 km.
E eu, enquanto forasteiro paraibano, quando pergunto aos nativos o porquê dessa situação, na maioria das vezes escuto como resposta algo como um evasivo “... é por que não se tem político forte pra trazer as coisas pra cá...”
Ora, mas o que diabos é um político forte? Por um acaso um deputado halterofilista? Claro que não! Talvez seja um mito criado, tal qual um duende, um unicórnio ou qualquer outro ser mitológico cuja existência é difícil de confirmar, ou é uma mera inoperância dos próprios cidadãos locais em exigir, organizadamente, os mais basilares serviços que uma cidade que almeja ser desenvolvida (e toda cidade sonha em ser grande e desenvolvida) deveria ter.
Este ano teve eleição, e muito embora não se tenha havido uma renovação substanciosa nos mandatários locais, principalmente no legislativo, não me lembro de ter concorrido nenhum “halterofilista” que tenha prometido ou se comprometido a trazer o quer que seja. O que ouvi foi só uma disputa para ver quem fazia o maior “pancadão”, ou quem tinha o “jingle” mais nauseante.
Triste da cidade que dependa de um político super-homem ou “halterofilista” para ter ambulância, saúde, segurança pública ou educação. Aliás, esperar de braços cruzados passivamente que as coisas venham graciosamente que as coisas venham é de uma passividade interiorana que chega a beirar as margens do irritante!
Enquanto isso, outras casas podem pegar fogo com danos materiais e possíveis perdas de vidas, mais gente vai continuar morrendo nas curvas da Sussuarana e da Maniçoba e nada do Corpo de Bombeiros chegar!