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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Boa Sorte, Presidente

Não é a primeira vez que digo aqui que nós, homens, temos uma dívida impagável com as mulheres. Os séculos de opressão e repressão às mulheres são tantos e tamanhos, que nem os mais cândidos cavalheirismos não são suficientes para sanar.
Os homens roubaram, e ainda roubam a dignidade e a capacidade feminina. Só nos últimos 60 anos, através dos movimentos feministas, a mulher teve a chance de se impor, pois antes eram consideradas meras rês, sem voz e sem voto, sem, nem mesmo direito a propriedade, ao estudo a gerir o próprio nariz.
As mulheres, não obstante terem prazos diferenciados para se aposentar, geralmente trabalha igual ou até mais que os homens e muitas vezes até recebem menos, pelas mesmas funções exercidas pelos homens. Além de todos os inerentes prejuízos impingidos pelo ainda presente chauvinismo machista, também sempre foram sub-representadas politicamente, e especialmente num país como o Brasil, em que estatisticamente existem duas mulheres pra cada homem, o Congresso Nacional apenas 6% é composto por mulheres, e esta distorção fica ainda mais dramática se compararmos com a vizinha Argentina, onde 40% do parlamento nacional deles é formado por mulheres. E se considerarmos a democracia como a forma política governativa em que a maioria deve mandar, enquanto a minoria deve se submeter ao que aquela determinar, isto pelo menos em tese, percebe-se que esta balança, aqui no Brasil, está bem desigual.
Contudo, no último dia 31 de Outubro de 2010, o Brasil deu uma mostra de maturidade política, engoliu um bocado de preconceitos e elegeu a primeira mulher presidente do Brasil, a Sra. Dilma Vana Rousseff. É lógico que eu não sou cego para ver a vitória de Dilma foi muito menos uma vitória pessoal dela e muito mais um forte aval do Presidente Lula de que ela continuará com as mesmas medidas da avanço social que ajudou a mudar a cara deste país nos últimos 8 anos. Mesmo com esse “porém”, a sua eleição não deixa de ser uma guinada de 180 graus na mentalidade política do brasileiro comum, tão afeito aos “masculinismos” na política, e em especial no Nordeste em que o coronelismo patriarcal com ecos ditatoriais é tão presente.
O que me chamou a atenção também foi a grande rejeição de Dilma junto ao próprio eleitorado feminino. Cansei de ouvir de muitas mulheres coisas do tipo: “não confio nesta mulher não” ou “mulher não nasceu pra mandar, nem pra ser presidente, ela ta pensando que é o que...”. Certamente, ainda existem mulheres mais machistas que muito macho, que acham que lugar de fêmea é em casa, esquentando a barriga no fogão e cuidando de criança. Com certeza elas perderão o bonde da história que está por passar.
Tudo isso mostra que se quisermos mudar radicalmente a mentalidade machista do povo brasileiro e corrigir democraticamente anos de injustiça política e social para com as mulheres, deveremos torcer desesperadamente por sucessos no governo da Presidente Dilma, pois só isso mostrará que uma mulher é tão ou mais capaz de gerir os destinos de um país inteiro. O sucesso de Dilma será o golpe mortal no que ainda resta de mentalidade machista ainda reinante, além do que elevará o Brasil à vanguarda dos seletos países que tiveram a sua frente mulheres, mudando estereótipos, revertendo paradigmas, construindo a plena democracia.
Por isso e por muito mais e que devemos todos, num imenso coro, dizer: Boa sorte, Presidente!