Existe uma época, que se dar de tempos em tempos, em que as pessoas se irmanam, todos se congraçam. Inimigos fazem as pazes, famílias se reúnem. O comércio e a indústria liberam seus funcionários, funcionam a meia-voltagem, repartições públicas dão ponto facultativo. Parentes que moram longe voltam para as suas casas, se reúnem na sala, todos comem, bebem, ficam felizes. Errou quem pensou que essa época fosse o Natal ou a Semana-Santa, pois estamos falando da Copa do Mundo de Futebol, mais precisamente os jogos da Seleção Brasileira de Futebol.
Nenhum campeonato esportivo mexe tanto com um povo quanto a Copa do Mundo de Futebol mexe com o povo brasileiro, as pessoas vibram, param o que fazem, sabem detalhes da nossa seleção e os detalhes menores, como a escalação das seleções de países que mal se consegue localizar no mapa.
As campanhas publicitárias deitam e rolam e quase todo produto busca se relacionar com futebol ou a seleção, quando não muito os próprios jogadores ou até o técnico se tornam “astros” de propagandas.
Nada contra esse amor todo pelo futebol da seleção, muito pelo contrário, é até bonito de ver as ruas todas decorado de verde e amarelo, esse nacionalismo exacerbado, quem dera que esse “patriotismo” todo fosse não só para o futebol da seleção canarinho, mas para todos os níveis e em todos os sentidos, pois se o brasileiro comum devotasse toda essa energia, todos os anos não só para seleção, mas para tudo que é brasileiro, certamente teríamos um povo mais consciente da grandeza real que o Brasil tem.
Aliás, a única coisa que me incomoda é essa vinculação umbilical de uma mera seleção de futebol ao sentido intrínseco de nacionalidade, sem olhar ou se perceber de tudo o mais que existe ou pode existir além do futebol e que é bom, e, sobretudo, bem brasileiro, e não aproveitado. Ou seja, se a seleção vai bem, tudo no Brasil vai bem também, mesmo que não esteja, se a seleção vai mal, tudo vai mal, contudo não se sabe do que vai realmente mal. Essa vinculação da brasilidade com o futebol da seleção é perigosa só nesse sentido, pois ser cidadão de um país não é só torcer por um time ou selecionado.
Mas não quero ser estraga prazer, nem tampouco o pseudo-intelectual que não gosta de futebol, pois eu vou continuar torcendo pela seleção com a mesma intensidade e alienação como qualquer outro brasileiro, afinal somos o único penta campeão de futebol.
E como diz o grande escritor uruguaio Recaro Siambretta: “...haverá o dia em que todas as nações do mundo baixarão suas armas, abolirão seus exércitos, e decidirão todas as pendengas internacionais dentro das quatro linhas de um campo de futebol...”.
E quando esse dia chegar o Brasil será a superpotência que merecemos ser, pois somos os únicos penta...
...e rumo ao hexa.