Rádio CN Agitos - A rádio sem fronteiras!!!

sábado, 2 de junho de 2012

Crônica Campinense III


Poucas empresas já estiveram tão intimamente ligadas a cidade que as abrigam quanto o Diário da Borborema esteve com relação a Campina Grande.
Durante seus 50 e poucos anos de história o Diário da Borborema contou a história campinense e trouxe o mundo aos campinenses.
Fundado pelo mítico empresário da nossa mídia Tupiniquim, Assis Chateaubriand, aliás, o único jornal originalmente criando pelo Heast brasileiro, com lay-out e editoração revolucionários quando de sua inauguração nos idos os anos 1950, mostrava a cara de uma então cidade pujante e prospera.
Os anos foram se passando e o DB e a cidade de campina Grande continuaram tendo esta relação contínua e carnal, um contado a história para outro, o outro se alimentando das desgraças risos, lágrimas e gozos, não se sabendo onde um terminaria ou o outro se iniciaria.
Como o caso do marido traído que teve sua traição meramente insinuada nas páginas do jornal e este, irado, destruiu as máquinas da gráfica aonde o diário era impresso.
Nos anos 1980 veio um período de decadência, e a imagem que vem a memória era a dos grassos erro ortográficos e de concordância que eram estampados como notícias quentinhas da “ora” (sic).
Vieram os anos 1990 e o soerguimento das cinzas, tal qual Fênix, e os prêmios Esso, adentrando século XXI a dentro, mudança de formato e a mesma relação perniciosa, contudo necessário de um jornal, aliás o único jornal diário de uma cidade com cerca de 400.000 habitantes.
No início de março de 212 0 Diário da Borborema foi abruptamente encerrado. A direção dos Diários Associados em Brasília, uma decisão unilateral arbitrária, infundada e irracional fechou as suas portas, deempregando cerca de 200 profissionais qualificados e levando até o arquivo para sua sede.
Perdeu Campina Grande que ficou sem sua alma, sua história, seus registros, ficando uma cidade menor e mais pobre do que já seria.
Este provavelmente é o texto mais difícil que me dispus a escrever, e com certeza é um dos mais fracos, no que desde já peço desculpas, minha relação com o Diário é muito similar com minha relação com Campina Grande, uma relação de admiração e rejeição, misto de desprezo e amor não correspondido. O que gera em mim algo que um bloqueio.
Sempre sonhei em escrever para o DB, mas eles sempre rejeitavam meus escritos.  
Quem sabe ainda não teria uma coluna no único jornal diário que já teve a eterna cidade que é e que nunca foi. Pelo menos pra mim, só se for numa outra vida.