Poucas empresas já estiveram tão
intimamente ligadas a cidade que as abrigam quanto o Diário da Borborema esteve
com relação a Campina Grande.
Durante seus 50 e poucos anos de
história o Diário da Borborema contou a história campinense e trouxe o mundo
aos campinenses.
Fundado pelo mítico empresário da
nossa mídia Tupiniquim, Assis Chateaubriand, aliás, o único jornal
originalmente criando pelo Heast brasileiro, com lay-out e editoração
revolucionários quando de sua inauguração nos idos os anos 1950, mostrava a
cara de uma então cidade pujante e prospera.
Os anos foram se passando e o DB
e a cidade de campina Grande continuaram tendo esta relação contínua e carnal,
um contado a história para outro, o outro se alimentando das desgraças risos,
lágrimas e gozos, não se sabendo onde um terminaria ou o outro se iniciaria.
Como o caso do marido traído que
teve sua traição meramente insinuada nas páginas do jornal e este, irado,
destruiu as máquinas da gráfica aonde o diário era impresso.
Nos anos 1980 veio um período de
decadência, e a imagem que vem a memória era a dos grassos erro ortográficos e
de concordância que eram estampados como notícias quentinhas da “ora” (sic).
Vieram os anos 1990 e o
soerguimento das cinzas, tal qual Fênix, e os prêmios Esso, adentrando século
XXI a dentro, mudança de formato e a mesma relação perniciosa, contudo
necessário de um jornal, aliás o único jornal diário de uma cidade com cerca de
400.000 habitantes.
No início de março de 212 0
Diário da Borborema foi abruptamente encerrado. A direção dos Diários
Associados em Brasília, uma decisão unilateral arbitrária, infundada e
irracional fechou as suas portas, deempregando cerca de 200 profissionais
qualificados e levando até o arquivo para sua sede.
Perdeu Campina Grande que ficou
sem sua alma, sua história, seus registros, ficando uma cidade menor e mais
pobre do que já seria.
Este provavelmente é o texto mais
difícil que me dispus a escrever, e com certeza é um dos mais fracos, no que
desde já peço desculpas, minha relação com o Diário é muito similar com minha
relação com Campina Grande, uma relação de admiração e rejeição, misto de desprezo
e amor não correspondido. O que gera em mim algo que um bloqueio.
Sempre sonhei em escrever para o
DB, mas eles sempre rejeitavam meus escritos.
Quem sabe ainda não teria uma
coluna no único jornal diário que já teve a eterna cidade que é e que nunca
foi. Pelo menos pra mim, só se for numa outra vida.