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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O BRASIL NÃO É CUBA, MAS PODE SER UMA COLÔMBIA



Eu não gosto muito de dar azo ao que não concordo, acho desnecessário, principalmente nestes dias mais recentes em que a intolerância, misturadas a espíritos despóticos dão a tônica dos discursos, e alimentam rancores.
Todos, ou quase todos, sabem do meu posicionamento político,  da minha postura em favor de alinhamentos progressistas ao invés de conservadores, mas eu vou buscar abstrair ao máximo expor minhas crenças e meus “cânones” ideológicos e me ater essencialmente aos atos.
Sim, eu vou me atrever a falar de política, e política nos dias de hoje. Sei que muitos que forem ler o que ora escrevo poderão me interpelar com números e mais números, textos de gente “gabaritada/inteligente” como Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo, ou Rodrigo Constantino. Capas e mais capas da Veja, ou a última fala de Bonner, mostrando o “desandar” do atual governo. Mas eu estou acostumado a não ser entendido, então vamos lá.
Vejamos, ano passado tivemos a reeleição da Presidente Dilma, após uma acirrada disputa (fato inconteste, ela foi eleita com a maioria dos votos do eleitorado brasileiro, e na democracia, quem tem mais votos leva); os grupos de oposição, desde então vem sistematicamente tentando desestabilizar o seu governo desde então (seja por ação das grandes corporações de mídia, criando factoides, ou exagerando, ou mesmo distorcendo informações). A classe média, destinatário final de boa parte da produção midiática destas grandes corporações absorvem quase sem digerir toda esta massa de informações, sem quase nenhum critério crítico, levando-os a pateticamente bater solitárias panelas, num “espetáculo” esdrúxulo e deprimente, de quão manipulável esta classe é. Segundo, criou-se no âmbito político, um movimento pro impeachment (ou Golpe) capitaneado por políticos notoriamente sem escrúpulos, e não eu quem digo que estes políticos não têm escrúpulos, são as próprias notícias que o dizem (exemplo: Eduardo Cunha, presidente da Câmara, eleito com apoio das milícias do RJ, titular de contas na Suíça, onde comprovadamente recebeu dinheiro por peculato e lobby de grandes empreiteiras por interveniência em estatais; Aécio Neves, candidato derrotado, um déspota pouco esclarecido e mimado, cocainômalo reconhecido, dado a confundir o público com o privado, tendo no esbroso caso do aeroporto da cidade de Cláudio (MG) como expoente máximo de corrupção; dentre outros pulhas, e me desculpem o usos deste termo, como Cássio Cunha Lima, Agripino Maia, aquele cassado por corrupção, este apontado por receber milhões no escândalo do DETRAN, só para citar o que memória me traz nesse momento), em outras palavras, não há absolutamente ninguém na oposição que tenha autoridade moral para pedir impedimento, nem sequer sonhar em exigir ética por parte do atual governo.
Se filtrarmos ao máximo as notícias vomitadas pela grande mídia nos parcos cérebros que delas usam como fonte primária de informação, é patente perceber que estes grupos não querem, nem buscam ética na política, eles querem sim retirar do poder uma pessoa, e, sobretudo um partido político, que não faz parte da panelinha deles. Resumindo de forma bem clara, eles não querem honestidade no Planalto, eles querem tirar o PT, custe o que custar.
Os efeitos colaterais disto: uma radicalização sem precedentes, discursos de ódio e rancor, de ambas as partes, sobretudo nas redes sociais, com ofensas de baixo calão nas mais variadas intensidades e principalmente de ambos os lados, tanto da esquerda (situação) quanto direita (ora oposição). Além de tristes exemplos  de brutalidade e falta de educação e civilidade. O ministro da justiça José Eduardo Cardozo (o Cardoso dele é com “z” mesmo) hostilizado em um shopping em São Paulo, João Pedro Stédile perseguido e quase linchado em Fortaleza, no velório de José Eduardo Dutra (ex-presidente do PT e da Petrobras), distribuição de panfletos com os dizeres “petista bom é petista morto” numa demonstração de desrespeito não ao político que ele representou, mas a de falta de respeito para com os familiares que ali lamentavam a morte de um ente seu.
E digo e repito: ninguém na oposição quer ética na política eles querem tirar o PT do poder.
Agora, a radicalização é preocupante, pois apesar dos pesares o Brasil tem se conservado um Oasis de paz nessa América Latina tão dada a guerras civis. Se nós temos um MST devemos agradecer não ter uma FARC, e se não somos uma Cuba (como a direita gosta tanto reverberar) podemos muito bem nos tornar uma Colômbia, com grupos paramilitares tanto de direita como de esquerda, não trocando ofensas verbais, mas balas num conflito armado.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Ronda x Bethe



Eu não sou lá muito fã de luta, muito menos ainda de UFC, e menos ainda de luta entre mulheres (as quais não se deve apanhar nem com uma flor, mesmo que de outra mulher), mas no dia 01 de Agosto de 2015 eu abri uma exceção. O duelo entre Bethe Correia e Ronda Rousey beirou ares épicos, traços novelescos e ingredientes característicos dos dramalhões hollywoodianos que faziam as delícias indigestas que usualmente passavam nos telecines da Sessão da Tarde na televisão.
Parecia uma sequência esdrúxula do filme Rocky, O Lutador, mas que dessa vez feminino. A menininha americana branquinha e bonitinha era desafiada por uma brutamonte de um país estranho, desconhecido e exótico chamado Brasil. A menininha linda, cândida de olhos azuis, do alto da sua invencibilidade, chora quando a feiosa vilã comunista (nos filmes americanos quase todos os vilões são comunistas) provoca dizendo para a americana não se matar como se matou o seu pai. Lembranças em flashback. Depois um plano sequência, da menininha americana treinando intensamente ao som do clássico tema musical composto por Bill Conti, mais lembranças em flashback e mais lágrimas, nessa hora os telespectadores grudam os olhos na TV, uma cena de luta a malvada vilã feiosa comunista brasileira derrota de forma humilhante a melhor amiga da linda loirinha americana, e faz mais ameaças. Cena aérea, um avião se aproximando do Rio de Janeiro, a exótica cidade do exótico país, onde vai ter a luta. Hora da pesagem. A menininha americana, doravante chamada heroína, cara séria, fechada, olhos tristes e compenetrados. A vilã brasileira, arregalando os olhos e aumentando o tom das ameaças. Noite da luta. Uma sequência de golpes (mais flashbacks), o soco fatal, knock-out, a bandida brazaca depois de apanhar muito, cai na lona, a heroína americana sorri vitoriosa (voz em “off”: “...é pra você, papai”). Só faltou passar os créditos na tela, depois a musiquinha irritante da vinheta da Sessão da Tarde e o anúncio da novela que vem depois.
A típica história americana de superação com viés nacionalista... “nós, ianques somos melhores, heróis, lindos de olhos azuis, vencemos todos os povos exóticos e feios que ameaçam nosso lindo estilo de lida”... Nossa, como eu vi porcaria  cinematográfica na minha vida. Acredito que todo mundo, literalmente todo o mundo, já assistiu algum filme com estas mesmas características. E se não fizerem um filme com a história da luta do dia 01/08/2015 num futuro próximo é porque todos os roteiristas americanos estão em greve. Eu aposto que vai ter um filme em breve, dou meu dedo mindinho.
Mas o que mais me chamou atenção não foi só jogo midiático que envolveu este combate, se foi verdadeiro, ou jogo de cena pra incrementar a audiência, isso eu não sei, só sei que funcionou comigo, que, como disse antes, nunca fui fã de luta, contava as horas pra ver combate.
Outra coisa que me deixou espantado foi a quantidade de brasileiros que deixou de torcer por uma brasileira pra torcer por uma gringa, e como justificativa, as mais esdrúxulas, tipo: “ela é chata” ou “ela é feia”, pra mim tudo balela, na minha opinião Bethe Correia é tão bonita quanto Ronda Rousey, quanto a simpatia, bem, isso é difícil de qualificar ou quantificar, afinal tudo era um espetáculo midiático, o que se via eram personagem, o argumento do filme perfeito da Sessão da Tarde, como eu descrevi antes.
A verdade é que o povo brasileiro tem autoestima baixa, e isto não tem nada a ver com a crise artificial que a grande mídia nos impõe, ou com o governo Dilma, ou os 7x1 do jogo da Copa, não tem nada com isso, o brasileiro tem a baixa autoestima no seu DNA.
Ter baixa autoestima não “privilégio” só dos brasileiros, vários povos ao redor do globo já tiveram crise de autoestima: os japoneses quando o Imperador Hiroito negou sua ascendência divina, os alemães quando derrotados nas guerras mundiais, os americanos quando foram expulsos do Vietnã, os russos quando acabou a União Soviética, enfim, vários povos, a diferença é que eles superaram e se reafirmaram, de uma forma ou de outra, já nós não, somos assim, temos raiva de os mesmos, e isso, considero, ser a principal característica da brasilidade, além do jeito latino, a pele morena e o falar língua portuguesa.
O que me deixou triste também não foi só ver uma conterrânea minha, lá de Campina Grande, cair ensanguentada e inconsciente no octógono, mas sim ver a quantidade de ofensas nas redes sociais, principalmente a tal terra de ninguém chamada Facebook, ofensas racistas e machistas, tipo: “essa ‘paraíba’ pensa que é gente, quem é ela pra derrotar Honda (sic)” ou “...essa paraibana sapatão não é pairo pra princesa do MMA” ou “...devia ter apanhado mais” ou ... “32 segundos foi pouco” ou “bem feito pra essa desqualificada” ou “pena que apanhou pouco”....e muitos outros que nem lembro, nem quero lembrar, mas mostram que além da baixa autoestima, o brasileiro comum tem baixa percepção do mundo e alta doses de machismo, sexismo e preconceito.
São essas coisas que contaminam com baixa autoestima a minha brasilidade....também.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Repetir



O problema de ter uma coluna num periódico como este é que de tempos em tempos a gente acaba se repetindo.
Com certeza, ao longo de todos esses anos que escrevo aqui, com certeza, já me repeti, ou seja, escrevi textos idênticos só que com outras palavras. Isso não é proposital não, é involuntário, é sem querer mesmo. Pois uma das minhas fontes primeiras de “inspiração” é escrever sobre o que me incomoda.
Eu gosto de escrever sobre o que me incomoda, não por masoquismo, pois eu acredito no poder transformador da palavra e  se eu uso a palavra escrita para modificar algo que me causa incômodo eu posso modificar o mundo. Certo? Errado! Do que adianta usar a palavra escrita se pouquíssimos o lê, não só por não saber ler, mas não querer ou desejar ler (analfabeto funcional).
Uma coisa que particularmente me incomoda é a maneira como o povo da região do Seridó potiguar trata o verde.
Veja bem, estou me referindo ao povo Seridó, não especificamente o curraisnovense ou caicoense.
O verde, digo, a vegetação em geral, subconscientemente é visto quase como inimigo. E se está linda e viçosa, não faltam elogios e “glórias a Deus”, mas que nada, é tudo jogo de cena, pois lá no fundo do coração o que se quer é tudo o chão.
Basta ver como são feitas as “podas” das árvores por aqui, se deixa praticamente no toco, quando não se podem ver árvores com décadas de existência, sendo derrubado pelos motivos mais fúteis, tipo ‘cai folha na minha calçada’ ou ‘está desgraçando o calçamento’ ou ‘’tá fazendo sombra pro carro do vizinho’ ou ‘pra não dar abrigo pra ladrão’ e outras mil bobagens mais.
Pra mim, esse sadismo seridoense contra o verde beira as raias do revoltante, pois quando não deixam no toco, ou derrubam de vez, também há caso que ainda colocam óleo quente no caule que é “pra matar mesmo”.
Veja bem, a equação é simples, e eu, pra simplificar, vou deixá-la mais simples ainda (e me desculpem a redundância): sem árvores, sem oxigênio e sem oxigênio, sem chuva e sem água. E se a falta de chuva e a consequente crise hídrica é grave no resto do Brasil, inclusive no Estado de  São Paulo, e no “Sul maravilha”, no Seridó é evidentemente pior, principalmente pela sua geografia. Com certeza, estas pessoas que acabam com suas árvores pelos mesmos motivos fúteis que relacionei acima são as mesmas que com certeza reclamam dos açudes secos.
Vários estudos sérios apontam que a região do Seridó potiguar é a que mais rapidamente caminha para virar um deserto dentro das próximas décadas, e, mais notadamente, a área correspondente ao Município de Currais Novos é onde este processo de desertificação está mais adiantado.
Então nesta luta inglória contra o verde, contra uma pobre árvore que “levantou” um calçamento, contra um galho cujas folhas secas sujam incomodamente as calçadas, essa luta do seridoense para por abaixo tudo que “pé-de-pau”, só tem um perdedor: nós mesmos.
Pobres almas abestalhadas, suicidando-se lentamente.
A continuar desse jeito, além do fim do verde, não vai ter Santana nenhuma que faça chover por estes sertões.
Pois é, eu sei, já escrevi antes contra o abate indiscriminado de árvores, já fiz protestos, já falei, mas parece que o poder da palavra é mitigado, principalmente num chão de tanto e muitos iletrados, cuja palavra não representa absolutamente nada.
Mas quem sabe desta vez, e isto eu espero, com esse texto singelo, despido de pudores literários ou mesmos estéticos atinja algum coração minimamente sensível a questão ecológica estas palavras reverberem
Indignar-me é o que resta, e expressar esta indignação é o que farei, pelo menos enquanto ainda houver democracia neste nosso país.
E quem não gostar não leia, vire a página, vá pra frente, fique ignorante, derrube uma árvore, fique sem água, passe sede.

voltei!

voltei!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

TRÊS GERAÇÕES QUE FORAM PRA RUA



Os ‘protestos’ de meados do ano passado, antes da realização da Copa de 2014, deixaram uma marca forte na história desse país, não só pela violência, mas também pelo enfoque demasiado dado pela grande imprensa, fazendo-o, por vezes, maior do que de fato era.
O que se via, muito além do que a mídia de massa queria mostrar, era uma garotada insolente destruindo patrimônio alheio e público e peitando uma polícia hesitante  e acuada, mas também uma juventude controlada, comandada que nem por um Joy Stick, por uma mão macabra acima deles todos e que direcionava-lhes a fúria para ali ou acolá.
Agora que a poeira assentou, e os cacos de vidros das agências bancárias foram recolhidos, pode-se ver um pouco mais claro o que se sucedeu, e “pemba”, uma clarividência típica dos velhos apareceu tal qual a pomba do espírito santo e falou baixinho: isso é coisa de juventude mesmo! E cada época tem a juventude e sua rebeldia que merece.
Eu, por exemplo, fui pra rua, lá os idos de 1992, gritar “fora Collor”, e já fiz um “mea culpa” inclusive, pois se pudesse voltar ao passado não faria isto. Eu fui usado, eu e os de minha época,  pois se tirou um presidente democraticamente eleito (muito embora, não se concorde com suas práticas, mas democraticamente eleito) e a “seboseira” continuou. Eu fui usado, manipulado, eu e quase todos de minha geração, ajudamos, inconscientemente um “golpe branco” que tirou um pseudo-caçador de marajás, só porque algum poderoso disse “sim”, e o dito e falado “presidente mauricinho” deixou de ser útil e interessante aos poderosos que bancaram sua campanha. No ano seguinte estourou o escândalo dos “anões do orçamento” (alguém se lembra? O ano era 1993) que foi bem pior e ninguém foi pra rua pra dizer um “aí”!
Mas agora, 2014, essa molecada foi pra rua, pra eles isso (o fato de ir pra rua protestar) era (ou é) a grande novidade. Mas que nada! Parece que é cíclico, a cada 20 anos uma geração vai pra rua pedir (berrar) por algo, algumas vezes são ouvidos, outras solenemente ignorados.
Nos anos finais da década de 1960, uma galera corajosa foi às ruas gritar e peitar uma das ditaduras mais sanguinolentas da América latina e enfrentou uma repressão braba e cruel! E naquele tempo de AI-5 não tinha nenhum grupo de defesa dos direitos humanos cheios de “não-me-toques”! Pra essa geração eu tiro meu chapéu e rendo minhas homenagens, não só pela coragem, mas pelo ideal de buscar um verdadeiro mundo melhor e um país mais justo. Era um pessoal mais letrado, mais culto. Aquela geração não tinha muita televisão, internet e Facebook pra eles eram peças de ficção científica, a distração era ler e ler, por isso eram melhores
A minha geração ( a do tempo do “fora Collor”) foi a geração “carnaval”, “tudo era alegria”, da “eterna festa”, a galera foi mais pra curtir, e o protestar era só moda, ninguém sabia de nada, foi só no embalo, pintar a cara de preto e paquerar no meio do protesto. Era só alegria, éramos a geração do rock dos anos 1980, a geração Xuxa/Balão Mágico, tudo muito leve, solto, light, pueril. Algo como: “ pronto, Collor saiu do poder, vamos brincar, mais tarde tem mais tarde tem mais festa” (ai-ai-ai que vergonha....)
Já agora, essa garotada que foi pra rua em 2014, tem fúria e sangue nos olhos, cresceu vendo Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball Z e outros animes, desenhos animados tão violentos quanto a cobertura de um telejornal da Rede Record. A geração dos Games de luta. Essa geração de hoje, não pensa duas vezes em meter um taco de basebol seja numa vitrine ou no crânio de um desafeto.
Curioso observar que e fato é o intervalo de cerca de 20 anos entre uma geração que vai pra rua de outra que já foi.
A geração idealista foi violentamente calada pela repressão.
A atual geração “porrada” destruiu muita coisa, mas está sendo paulatinamente ignorada e esquecida.
            Só quem “levou” alguma coisa foi justamente a geração carnaval, a minha geração, por coincidência, que no embalo da new wave tirou um presidente e ficou por isso mesmo

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O que há de novo na música?




O meu filho de 17 anos tem um gosto muito apurado, principalmente no que tange a música, não por Ser meu filho, mas, por ele mesmo.
Ele sabe de “co-e-salteado” nomes de canções, cantores e cantoras, grupos, autores e intérpretes, tudo na ponta da língua, e mais, cantarola com a mesma fluência. No entanto tudo, ou quase tudo que ele sabe, gosta e aprecia tem com a atualidade. É tudo coisa do “meu” tempo: anos 1970’s, 1980’s e pitadas pontuais dos anos 1990’s. Coisas que foram compostas quando sequer sonhava ele em ser concebido.
E não é só ele não, muitos jovens também, alguns mais, outros menos, também lança seus olhos,  e principalmente ouvidos, ao passado.
“Pai, é que hoje só se faz porcaria”. Costuma dizer ele toda vez que lhe indago o porquê de gostar de coisas do “meu” tempo.
Confesso que ando meio por fora do que se faz hoje, e principalmente se é ou não porcaria. Mas no “meu” tempo não precisava estar por dentro para poder ser contaminado pelo impacto criativo, não precisava ser inteirado em rock ou grunge para não arregalar os olhos ante a fúria melancólica de um Kurt Cobain; não precisava saber o que estava acontecendo em Londres com os acordes e guitarras com som de sitar do Echo and The Bunnymen ou The Mission. E  os anos 1970’s, ah! Nem se fala, com tantos nomes bons, Genesis, Yes, Led Zeppelin, Supertramp, eita que a lista é longa e diversificada.
E no nosso Brasil também, não se tem um novo Chico Sciense,  um novo Legião Urbana, um novo Caetano ou Djavan.
No Brasil, eu não vejo uma nova Maria Gadu, no mundo a fora, não vejo uma nova Lady Gaga, enfim, nada, absolutamente nada há de novo no front.
Talvez a ausência de uma indústria fonográfica forte, que nos diga  o que é bom ou ruim, seja a causa, ou talvez não. Resumimos as novidades a programas de auditório, tipo The Voice, ou X-Factor, ou Superstar, onde uma nova geração de músicos e estrelas em potencial se perdem numa competição besta, e cantando músicas antigas, ainda por cima.
Por outro lado também, todos os horizontes da criação, não só em nível musical, mas como em outras manifestações artísticas, já foram percorridos e explorados, restou muito pouco de novo e impactante a se dizer. E a isto somado a redução do nível educacional das plateias, não só no Brasil, mas em todo esse Planeta, piora ainda mais, se prefere os chavões, os refrões fáceis, a rima chula, algo do tipo “...eu vou comer a tua irmã...” ou coisa do gênero e daí pra baixo.
Tudo isso diz muito respeito ao futuro, e ao presente não só da música em si, mas de todas as mídias. Graças a internet, está tudo muito pulverizado, sem grandes corporações para catapultar certos artistas, vê-se uma multidão de rostos novos indo e vindo, e não mais aqueles milhões de discos vendidos, discos de ouro, platina, platina duplo, e tudo mais mediato, mais só “quinze minutos de fama” e só. Isso pode representar uma democratização do acesso ao estrelato, como também uma ‘efemerização’ da atividade artística como um todo.
Mais uma vez, culpa da morte da indústria fonográfica brasileira e mundial. Se é pra lamentar ou comemorar ou se isso é bom ou ruim não sei, só sei que é isso que ocorre, e o resto só o amanhã dirá.