para Miguel Lorenzo ! ! ! (seja bem-vindo, meu filho)
Que caminhamos para um
irremediável fim, isto é fato. Que este
fim é lento e tem uma forte contribuição da mão humana, isto também é fato.
Agora, por outro lado, dizer que estas verdades são imutáveis, ah, isto vou discordar.
O futuro e seu “primo-irmão”
livre-arbítrio mostram-se com os dois grandes rivais contra as esperanças
plantadas pela mão do homem, principalmente nestes dias tumultuados de poluição
crescente, derretimento das camadas polares, sem fala na violência urbana nas
grandes cidades, alcançando as médias e pequenas cidade, injustiças, gente
morrendo a toque de caixa, assassinatos gratuitos, fortuitos, sem causa nem motivos aparentes, profusão dos mais
diversos delitos pautam as notícias de programas jornalísticos popularescos, no
melhor estilo “Cidade Alerta”, da vida. Isso tudo sem falar em nível global,
descrédito das instituições, falência do estado, falência do capitalismo, uma
guerra entre as Coreias prenunciando uma hecatombe nuclear, um prato cheio para
os catastrofistas ansiosos por um apocalipse.
Eis que surge uma esperança
verdejante que diz um “não” a toda essa amargura escura destes sádicos desesperados
que se alimentam da má história. Essa esperança é fácil de achar, pode ser
jovem ou ter alguma idade, é só dar uma saidinha na rua e vê-la, com certeza
vai achar pelo menos uma, andando devagarzinho, com uma enorme protuberância
apontando da barriga, construindo lentamente um novo ser dentro do prazo aproximado
de nove meses.
Repudio o uso da primeira pessoa
do singular, a individualidade já é grande demais para repeti-la em prosa, mas
nesse caso é impossível de expressar sem usá-la. Eu tive a oportunidade única
de ver uma criança nascer, e não por acaso esta criança é o meu filho. Vê-lo
sair do ventre de minha esposa foi seguramente o momento mais mágico de minha
existência! A melodia dos acordes do primeiro choro soou como um tônico
revitalizante em minh’alma, todos os anseios, todas as angústias, todas as
lagrimas, todas as mágoas, e, sobretudo todas as dúvidas existenciais, não tinham
mais como subsistir, a sensação de naquele momento mágico está cercado de anjos
e seres e luzes celestiais dissiparam por um instante todo o meu
pseudo-racionalismo agnóstico e deixei-me embriagar por flertes divinos de
energia positiva. Aquela sala de cirurgia virou um oceano de paz!
Carregar um filho no braço tão
logo vê-lo nascer é o sentimento de maior completude que qualquer ser humano
pode ter e eu recomendo, recomendo, prescrevo e sugiro a qualquer um que seja susceptível
as falsas mazelas que existem nesse
mundo. A criança é como uma tela em branco, nela serão desenhados os caminhos
da vida. Com certeza ele vai ver um mundo melhor do que eu vi, do que seus avós
viram e do qual seus ancestrais jamais sonhariam. Um mundo com novas
tecnologias, novas esperanças, onde doenças fatais podem ser curadas facilmente
com novos remédios. Um mundo democrático que não aceita e jamais se curvará aos
despotismos pretéritos. Um mundo novo radiante, brilhante, fantasticamente
maravilhoso, onde o Homo Sapiens não precise brigar, nem destruir a natureza,
mas sim tê-la ao seu lado, preservando-a e amando-a para que ela nos preserve e
salve a vida neste pequenino planeta em que vivemos.
De uma coisa estejam certos. Se houver
um Deus e se Ele for mesmo misericordioso, jamais vai nos impor um armagedon,
ou fim dos tempos, ou qualquer outra coisa que o valha que conste nas
Escrituras, pois enquanto houver mulheres grávidas, jamais haverá apocalipse...