Quando os
colonizadores chegaram no novo mundo, lá
por volta do Século XVI, o que viram aqui foi uma terra virgem, pura, rica com
árvores em abundância, natureza exuberante. Isto significava, também que aos
olhos dos brancos europeus esta era uma terra selvagem, bruta, pronta para ser
domesticada e explorada. E este era o preço da riqueza que seria tomada,
espoliada, e isto era em todas as Américas, do Alaska à Tierra Del Fuego.
Imagino aqui,
no nosso caso bem particular, na nossa região, na Capitania onde hoje se
encontra o estado do Rio Grande do Norte, naqueles distantes anos de 1500 e
alguma coisa, um branquelo português, mandado a força (ou melhor dizendo,
‘jogado’) para a Colônia, se vendo diante deste oceano de matas verdes e
absolutamente virgens, e no calor escaldante dos trópicos, longe da
“civilização” e dos “confortos” da velha Lisboa. Realmente o que ele via diante
de si era puro desafio. O tal “Portuga” imaginário (porém com base real) tinha
que lutar para sobreviver, era assim ou morrer. Onças e índios ameaçavam sua existência
e esse verde todo tinha que ser vencido.
Séculos se
passaram, o “Portuga” enricou, se juntou com três negras que geraram uma prole
de criolos que mais tarde ganharam o falso nome de “potiguar” (brasileiros), as
onças foram extintas, os índios exterminados tal qual num sangrento, violento e
terrível holocausto (cruelmente), e o verde foi vencido definitivamente.
O “Portuga”
colonizador incorporou no seu DNA a sanha da destruição, a natureza era sua
inimiga, tinha que ser vencida “prumode”
viver. E esta sina de aniquilar o último galhinho verde para garantir a própria
sobrevivência foi passada de geração em geração.
Estamos no
Século XXI, aquecimento global, esgotamento dos recursos naturais, derretimento
das calotas polares e consequente aumento do nível dos mares são fatos. Eu
disse FATOS incontestes. A humanidade está matando o Planeta e por tabela a si
própria. Não adianta pensar em medidas paliativas, o tal Homo Sapiens suga mais
do que a velha Gaia pode repor. E nesse quadro apocalíptico, ecologistas de
todo mundo buscam conscientizar as pessoas, plantar mais, destruir menos,
consumo responsável, energias alternativas. Alguns ecos são ouvidos ante estes
clamores, os homens de bem veem que algo pode ser feito para reverter essa
destruição toda, contudo, uma coisa nunca muda, por mais informação que se
tenha, por evidências que apareçam que a natureza está morrendo ( e nós iremos
junto com ela), por mais que se busque preservar a Vida (com “V” maiúsculo), do
outro lado, estão lá: a linhagem maldita daquele velho “Portuga”. Seus imbecis
descendentes ainda tem a natureza como uma inimiga, o verde como algo a ser vencido,
e numa região como esta, sem verde algum, onde o CINZA predomina, e ainda tem
asno que se ver como gente que derruba árvore.
Os cajueiros
centenários de Lagoa Nova estão sendo simplesmente devastados. As empresas de
cerâmicas de Carnauba dos Dantas e Parelhas, ainda usam lenha como combustível,
e em muitos casos madeira verde de árvores frutíferas ou nativas de difícil
remanejo. Em Currais Novos as poucas plantas que sobram nos canteiros são
cortadas pelo tronco pelos motivos mais toscos, estúpidos e absurdos que se
possa imaginar: “dá sombra demais”, “cai folha”, “levanta a calçada”, “estraga
o calçamento” e outras baboseiras e besteiras mais, uma das imagens mais
frequentes ao sair a rua são árvores tombadas, “podagens” exageradas e
criminosas, e ninguém faz NADA! E ainda tem idiota que olha para o céu e
pergunta por que não vem chuva.