O conceito de
pecado é sabidamente de origem judaico-cristã. Na Grécia Antiga, os gregos
desconheciam o que poderia significar a palavra “pecado”, muito pelo contrário,
os deuses do panteão grego tinham condutas humanas altamente reprováveis:
traiam, sentiam inveja, desejo, tesão, ciúme, enfim tudo aquilo que pode
parecer pernicioso. Só lembrando um episódio, Zeus, o mais poderoso dos deuses,
tinha por hábito trair sua esposa, a deusa Dione, com humanas terrenas, criando
toda uma geração de semi-deuses, tais como Atena, Hércules, Perseu entre vários
outros, todos filhos de casos amorosos, a popular pulada de cerca, entre o
senhor deus superior do Olimpo e mulheres mortais.
Os gregos não
conheciam o “pecado”, mas criaram um conceito muito mais eficiente para disciplinar a conduta das
pessoa, a “ÉTICA”. Diferentemente do pecado, a ética não depende de um ser
superior para castigar quem não se enquadra; a ética emana da atitude digna do
indivíduo ante a sociedade, é o bom por ser bom, independentemente de eventual
má conduta alheia, que poderia ser modificada pelo bom exemplo, levando-se a
uma sociedade ideal. Resumindo: o pecado seria “vigiado” de fora pra dentro, já
a ética seria de dentro pra fora.
A Índia pode
ser conhecida por sua pobreza, mas de lá vieram os conceitos mais
refinados de espiritualidade. Do
hinduísmo praticado na Índia veio a ideia de reencarnação e “Karma”, ou seja, o
sujeito “paga” numa outra vida, os erros e besteiras que fez nesta.
Quem é
corrupto, assim como todo mau caráter ou com desvio de conduta, por definição
não tem ética. Quem se apropria do erário em benefício próprio também pouco se
lixa pra pecado ou coisa que o valha.
A corrupção e
o peculato, venha da Esquerda ou muito mais comumente da Direita, é um gesto
essencialmente burro, e cedo ou tarde tende a ter o seu troco.
Aos pecadores
resta o Inferno, mas até onde eu sei, não constam nas descrições bíblicas ou
dantescas um Inferno apropriadamente ruim aos corruptos.
Resta então o
Karma! Imaginemos como será o Karma de quem não respeita a coisa pública.
Aqueles que desviaram verbas da saúde, reencarnará doente, pobre, leproso ou
canceroso buscará hospitais públicos e não achará. Aquele que desviou ou se
apropriou de recursos da educação, voltará com nenhuma capacidade de ler, será caçoada
e ludibriado pela vida por causa da sua ignorância e não terá acesso a
informação. Os que fraudaram licitação para construção de estradas sofrerão
grave acidente que os deixarão inválidos e improdutivos. Os que se apropriam de
valores que seriam para a segurança pública, serão vítimas das mais hediondas
violências e quando buscar a polícia a encontrará de portas fechadas. Os que
compram votos dos desvalidos nas eleições serão punidos com a surdez, a
cegueira e não terão voz para representa-los perante terceiros. E aqueles que
apropriam do público não terão nada que possam dizer que lhes são privados.
O restante
dos castigos deixa a cargo do leitor, o que não faltas são situações em que
possamos meter esse tipo de gente que confunde o público com o privado deles.
A grande
estupidez de quem rouba a coisa pública é achar que não receberá de volta todo
o mal que fez ao se apropriar ao que pertence a sociedade e ao povo, e crer que
isto seria um crime menor e sem retribuição devida, ah...mas que vem o troco
vem, se não pelo castigo do pecado ou pelo Karma, mas pelo próprio destino.