Pois bem, a poeira assentou, a turbulência
passou, a chuva foi embora e o céu voltou a clarear. Isto, antes de tudo,
significa que se pode ser mais claro, ter certezas e distinguir os vultos
turvos que se exibiam no horizonte.
Durante a realização da Copa das
Confederações o Brasil foi palco das mais brutais, violentas manifestações que
já foram vistas na nossa história recente. Patrimônio público destruído,
pessoas feridas, e uma noda na imagem do Brasil no exterior (ressaltando que
esta imagem nunca foi das melhores antes).
Tudo isso para que? Por quê? E a
pergunta que não quer calar: aquilo tudo mudou alguma coisa? Eis a resposta:
NADA!
O que se viu foi uma juventude
alienada manobrada, despolitizada e pronta para dar uma bodoarda no primeiro
conceito civilizatório que aparecesse na frente. Fantasiados com a máscara
criada por Alan Moore, não percebiam que eram meros títeres nas mãos de uma
elite presunçosa que queria (e ainda quer) desestabilizar uma ordem
democraticamente instituída.
É fácil para uma minoria usar de
princípios nobres como honestidade e melhoria nos serviços públicos para
manobrar uma maioria pouco esclarecida. Isso já foi feito antes, em 1964, uma
das motivações do golpe de Estado, foi a falta de prestigio e a reconhecida
inaptidão da classe política. Em 1932 a elite paulista levantou a bandeira do
constitucionalismo para derrubar Getúlio Vargas e as reformas em prol do povo
que findaram a má república café com leite então vigente.
Nesses “protestos” duas caras se
destacaram e lhes deram uma feição (elitista, raivosa, antidemocrática e nada
popular, diga-se de passagem): Pierre Ramon, um playboyzinho bombado, estudante
de arquitetura que peitou a polícia na tentativa de invasão do prédio da
Prefeitura de São Paulo. Ele foi pra cima da segurança como quem vai para uma
balada regada a bebidas e anfetaminas, consciência política zero, e ainda
queimou a bandeira da cidade e do estado de São Paulo, para depois gritar
“queima a do Brasil!”. Carla Dauden, patricinha, estudante de cinema (quantas
pessoas você conhece que estuda CINEMA) nos Estados Unidos, ela “bombou” nas
redes sociais da internet com vídeo, onde, num inglês perfeito, dizia os
motivos para ela não vir à Copa. Claramente
não se ver verdade alguma no que ela dizia, um textozinho decorado,
repleto de clichês, pedindo melhorias na saúde pública. Só esclarecendo, nos
EUA a saúde não é pública.
Carla e Pierre, jovens, bonitos,
bem nutridos, bem instruídos, brancos, ricos. Se se conhecessem formariam um
belo casal. Mas com certeza não é a cara do homem e da mulher comum brasileira,
não passaram necessidades, não ralam no dia-a-dia para pagar suas contas. Com
certeza não nos representa.
Enquanto cartazes de cartolina
escritos com caneta Pilot berravam “Moralidade na Administração Pública”,
Henrique Alves boçava, viajando num avião da Força Aérea como se fosse um taxi
aéreo (pago pelo contribuinte, eu e
você). Enquanto se ouvia o som de gritos de revolta contra os políticos,
Joaquim Barbosa assistia aos jogos da seleção no camarote da TV Globo ao lado
de Luciano Huck (só lembrando, a família Huck é dona de uma das maiores bancas
de advocacia do Sul/Sudeste, não precisa ser inteligente para perceber o
resultado dessa troca de favores: lugar privilegiado/julgamentos favoráveis).
Conclusão: o que mudou? Nada! O
que vai mudar? Nada! Somente os milhões que serão gastos nas reconstruções do
que foi destruído e uma lágrima chorada por uma bandeira brasileira
injustamente queimada.