Certa vez precisei de um tipo
específico de exame médico. Liguei para o meu plano de saúde e lá me informaram
que na especialidade que procurava não tinha nenhum profissional credenciado em
Currais Novos, nem em Caicó, só um Natal. Mostra isso que os planos incharam
demais, cobra muito dos clientes, repassa pouco aos médicos, a isso
acrescentando mais um detalhe: muita, mas muita gente mesmo entrou em algum
plano de saúde recentemente, nada mais
justo que os médicos cobrarem deles um valor melhor.
Outra situação, num voo recente à
Salvador, o avião da Gol Linhas Aéreas estava tão lotado, que por pouco não
vislumbrei passageiros em pé. A imagem grotesca trouxe à mente a memória dos
ônibus fétidos da Viação Jardinense, e sua tradicional “qualidade” de serviço,
pois o avião além de lotado, estava sujo, mal cuidado, com tripulação abusada e
de mau humor, tratando passageiros como lixo, acrescentando um detalhe, também,
o número de passageiros no transporte aéreo vem crescendo vertiginosamente nos
últimos anos, e lucro de empresas aéreas também.
Por fim, mais uma situação no
programa Entre Aspas do canal GloboNews, no dia 11 de janeiro de 2013, foi
discutido a diminuição de mulheres jovens interessadas em ingressar no mercado
de trabalho pela via do emprego como doméstica (a popular “empreguete”), muito
embora tendo ainda o Brasil cerca de 6 milhões de mulheres nesta condição; mas
o que chamou a atenção foi o tom de espanto das entrevistadas, todas típicas
madames de classe alta diante das “exigências” das domésticas: folga nos
fins-de-semana, pagamento de hora extra e carteira assinada.
Estas três situações mostram duas
coisas: primeira: a ascensão das classes e o espanto das elites, e
pseudo-elites, ao ver seus planos de saúde se transformarem em um “SUS’s pago”,
seu transportes aéreos virarem pau-de-arara.
As elites brasileiras estão entre
as piores do mundo, sempre teve de tudo e nunca, ou pouco, retribui para a
nação. Estava acostumada a ter certos serviços só para ela: transporte aéreo, assistência médica privada
de qualidade etc. Agora com as políticas públicas de inclusão social que ditam
a pauta do governo federal nos últimos anos, muita gente que era considerada
pobre, passou a viajar de avião e a ter condições de pagar planos de saúde, enfim
passou a ter condições de acesso a
produtos e serviços de melhores mas parece que o pais não acompanhou, ou talvez
ainda tenha sido pego de surpresa com
essa mudança de paradigma e não se ajustou adequadamente para receber
essa massa de novos consumidores ávidos por comprar e ter o melhor para si.
Ao invés desta elite suja fazer
biquinho por ver seus “subalternos” fazendo viagens internacionais ou usando
perfume francês, ou ainda ostentando Rolex no pulso, deveriam recebe-los de braços abertos, pois uma classe
média ou média-alta é o primeiro sinal de melhoria civilizatória da nação,
tirar gente da extrema pobreza dos cortiços e favelas e coloca-las na condião
de sonhar com um mundo melhor e por fim
não ser mais agredida com as consequências do triste quadro da miséria.