Há quatro anos, quando da
abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, o mundo ficou maravilhado com a
grandiosidade, perfeição e pompa daquela festa. Comumente o espetáculo de
abertura, muito além de um simples evento, é também um “cartão de visitas” do
país, bem como uma amostra de quão poderoso e eficiente pode ser o anfitrião.
Muita gente ao redor do Globo,
inclusive eu, pensou que nada, nenhuma outra abertura de Jogos Olímpicos
suplantaria ao show majestoso dado pelos chineses. Esperava-se que a abertura dos
Jogos de Londres 2012, fosse um espetaculozinho simplório condizente com a
condição de potência decadente que hoje é o Reino Unido. Mas não, para surpresa
de todos e encantamento pessoal meu, a abertura destes 30º Jogos Olímpicos de
Verão . Eficiente, tal qual um relógio, bela, mostrando a quase onipresença de
signos culturais britânicos no imaginário dos habitantes do Planeta Terra,
deixando claro que em matéria de “soft power” os ingleses são insuperáveis.
Beatles, Stones, James Bond, J.K.
Rowling, Chaplin, Mr. Bean, quase
todos os ícones pop britânicos do Século XX, além de
Shakespeare, sob a batuta segura de Danny Boyle, os bretões mostraram que senão
superou, pelo menos igualou aos chineses no show de abertura da Olimpíadas.
Em eventos desta magnitude global
midiática, os países mostram o seu melhor e isso nos põe um desafio. Daqui a
quatro anos as Olimpíadas serão aqui no
Brasil, mais exatamente no Rio, o mesmo Rio violento em que o Estado capengante
tenta retomar os morros após anos e anos de ocupação e desleixo de governos e
governantes anteriores.
O que iremos mostrar, qual será o
nosso melhor a expor ao Mundo? Teremos a mesma eficiência britânica ou a pompa
e vulto chineses? Ou , nós brasileiros, pagaremos o maior mico de todos os
tempos?
Estas indagações todas podem ser
resumidas numa só: qual o nosso melhor?
Muitos poderão dizer que o
brasileiro é desorganizado, ignorante, não respeita as instituições, joga lixo
no chão e mija nas calçadas. Muitos poderão ainda dizer que nós jamais
passaremos de um povo de segunda categoria, fruto do amálgama do índio
preguiçoso, do negro indolente e do português burro e ignóbil. Como poderemos
fazer alguma coisa que preste?
Este é o discurso bruto de uma
parcela de certos pseudo-intelectuais que não passaram do velho complexo de
vira-latas que dominava o subconsciente coletivo geral do nosso povo...
A estes eu digo, o melhor do
Brasil é o brasileiro! Não o brasileiro da elite que propala aos quatro ventos
os adjetivos preconceituosos que reproduzi no paragrafo acima, mas o brasileiro
que vem do povão, os “Ferreira da Silva” da vida. Gente trabalhadora, que
acorda cedo e cujo suor, sangue e lágrima sustentam as benesses da elite
dominante que em retribuição recebe a virulência verborrágica e preconceituosa
que descrevi.
Não é de hoje que digo que o
grande problema do Brasil é a sua elite, ou que se acha pertencer a esta elite,
pois além de todos os defeitos inerentes a qualquer elite, a brasileira é preguicenta, má, cruel, papagaiada com forte
caráter mandrião. Olha para fora sempre e nunca para dentro, não busca a
integração, e com sua arrogância apática exclui e não traz nada de bom ao país.
Se temos uma coisa de
verdadeiramente boa a mostrar esta é o povo, o povão brasileiro, com toda sua
cor, seu calor. Se temos algo a deletar é a nossa elite.