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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Imprensa vendida

O Brasil é um país curioso e peculiar. A peculiaridade brasileira torna esse país excepcionalmente único, porquanto, por vezes difícil de entender. Mesmo com o ‘boom’ de crescimento havido durante o governo de Lula e atualmente continuado por Dilma, ainda estamos naquele meio termo, ou no meio do caminho entre a pobreza e a riqueza, ou no famigerado neologismo de Roberto Campos, uma Belindia, tão rico quanto a Bélgica e tão pobre lascado como a Índia.

Um traço característico da pobreza brasileira está na sua grande imprensa. As grandes corporações da mídia neste país são de uma mediocridade de dar dó. Talvez porque estes grandes magnatas medíocres das comunicações nacionais saibam intrinsicamente que seu grande público leitor não questiona os seus posicionamentos, ou pior, os digere diretamente e os toma como verdade absoluta.

A grande imprensa desse país sempre se arvorou da posição de defensora intransigente da liberdade e da isenção, sempre se diz vítima da censura e da ditadura, quando esta havia no país, quando, na verdade, é sabido que durante o último período ditatorial 1964-1985, estas empresas apoiaram gritantemente o governo dos generais.

Abril, Globo, Folha e até mesmo Sílvio Santos, além de vários outros, receberam apoio significativo dos militares, e consequente crescimento exponencial de suas fortunas pessoais, por ajudar a difundir na mente dos brasileiros a mentalidade do cordeirinho de presépio de natal, que só faz balançar a cabeça. E pior de tudo, quando a Ditadura acabou formalmente em 1985, quase todos eles se disseram vítima de censura e repressão. É como um estelionatário que passou vários cheques sem fundo culpar o banco por ter encerrado sua conta.

Em todo lugar sério deste Planeta Terra os órgãos de imprensa assumem declaradamente o seu posicionamento político. O “The Times” da Inglaterra e a News Corporation dos EUA, por exemplo, assumem abertamente que são de direita, e quem não gostar que mude. Já o “Le Monde” da França e o “Guardian” inglês, dizem de peito aberto que são de esquerda, e quem não gostar que troque, e pronto. Não tem hipocrisia, não tem mentirinha. No Brasil não, Abril e Globo, por exemplo, juram de pé junto, que são “imparciais” e que “não tem cor política”, quando todo mundo sabe que isto é uma mentira deslavada, eles são de direita, e mais grave ainda, da direita mais sebosa e radical que pode haver, aquela que apoia DOI-CODE e masmorra e ainda posa de bom moço defensor dos interesses nacionais, e pior ainda, são mercenários de quinta-categoria, que se vendem por qualquer trocado..

Dou só dois exemplos que ajudam a comprovar o que digo: 1) recentemente foi lançado o livro “A privataria tucana” de Amaury Ribeiro Jr., que mostra as entranhas do processo de privatização conduzido no governo psdbista de FHC. O livro contendo farta documentação e revelando fatos graves, foi solenemente ignorando, quando não muito, menosprezado e até caluniado pelos grandes jornais e emissoras deste país. Se fosse noutro lugar sério do mundo daria no mínimo um “Watergate”; 2) o estranho reticentíssimo da cobertura do vazamento de óleo no litoral por culpa da multinacional americana Chevron. É tratado pela imprensa tupiniquim como um fato menor, quando na verdade foi e é UMA TRAGÉDIA AMBIENTAL. Se tivéssemos uma imprensa séria, essa multinacional seria bombardeada por todos os lados e no mínimo suas ações cairiam e ela deixaria no país, mas não, a Chevron deu “cala-boca-menino”, molhando a mão dos magnatas da mídia, com dólares sujos de poluição, e como resultado temos essa cobertura mixuruca e vergonhosa de um fato gravíssimo que ocorreu no nosso litoral e cuja consequências se estenderão por muito e muito tempo.

Enquanto a grande mídia brasileira estiver nas mãos desses magnatas mercenários e hipócritas não teremos a verdadeira liberdade de imprensa.