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domingo, 2 de outubro de 2011

o "rei" e o produto

Sempre ouvi e gostei de rock’n’roll, desde a mas tenra infância quando fui apresentado ao ritmo, foi a trilha sonora da minha adolescência, entrando pela vida adulta adentro, e até hoje, a beira dos 40, ainda escuto e aprecio.

Sou um dos que compartilham do velho refrão daquela canção de Neil Young “rock’n’roll ‘ll never die”...

Mas tem uma coisa que acho que muito roqueiro bom na praça me crucificaria por dizer, é que eu não gosto de Elvis Presley. Eu o considero espertinado, afetado, besta, canastrão, americano demais, conservador demais, racista demais, estúpido demais. Como disse antes, com certeza, com estas declarações, muito roqueiro da velha guarda vai querer minha cabeça numa bandeja de prata, mas “quem diabos se importa...” é o que acho e pronto, e não costumo pautar-me pelo que os outros pensam sobre mim, nem muito menos sobre o que eu venha a escrever.

Elvis Presley é um nada, foi e será sempre um nada na história do rock, mesmo que ele possa ter influenciado muita gente boa como os Beatles, David Bowie ou Jim Morrison, mas daí a chama-lo de rei do rock é um caminho longo, impossível e difícil.

Elvis Presley foi um ninguém. Ele não criou o rock, essa tarefa coube a Chuck Berry, ele não introduziu a sensualidade no rock, isso coube a Little Richard e depois a Mick Jagger, ele não foi o primeiro branco a cantar rock, pois Buddy Holly e Bill Harley cantaram rock bem antes dele, ele não compunha, não inovava, não fazia nada. Então por que cargas d’agua dizem que ele é o tal rei do rock...?

A única faceta em que Elvis Presley foi pioneiro, e talvez por isso seja chamado de “rei” é que foi o primeiro a vender o rock como um produto, o topete, a roupa empolada, o rebolado, tudo nele foi meticulosamente armado para vender. A cultura, o respeito a origem negra do rock e a música ficava em segundo plano.

Por tarefa de aferir lucro ele próprio era um produto, com isso o rock passou com ele a ser um produto também, só mais um, muito antes de ser uma manifestação artística e cultural, tornou-se um negócio, com embalagem, linha de produção e consumidores finais

O Rock em Rio que passou entre os meses de setembro e outubro é a consumação máxima de “coisificação” do rock, ou do que se convencionou assim se chamar. Tudo aquilo não passou de um produto, embalado numa caixinha dourada e exposto pra os adolescentes e congêneres se alimentarem.

Convenhamos e justiça seja feita, é um produto muito bem feito e acabado, mas isso não muda sua essência, é de fato um produto. É impessoal, frio, visa só o lucro do seu dono (o empresário Roberto Medina), não respeita a tradição, a essência ou mesmo o respeito devido a este gênero.

Detalhe, o Rock in Rio por ser um produto e querer se vender, procurou alcançar um maior público (consumidor) possível, para isso fazendo um verdadeiro “sarapatel musica” botando no mesmo caldeirão axé music de Ivete e Claudia Leitte, pop teen descompromissado tipo Katy Perry e Rihanna, pontilhado com alguns nomes de peso tipo Steve Wonder ou Elton John (...mas e o rock cadê?)

A questão é: o que é que se quer pra o rock nesse início de século XXI. Resgatar a essência do rock, enquanto música libertária, vide festival de Woodstock ou se adequar de vez a mercantilização, e consequentemente, empobrecimento, mesmerização e massificação desse gênero que ajudou a moldar o Século XX e libertar mentes e corações de jovens de todo o mundo...?