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domingo, 27 de fevereiro de 2011

O VENTO ÁRABE DA MUDANÇA E NÓS

Tal qual rastilho de pólvora, ventos libertários sopraram no mundo árabe. Uma após outra ditaduras sedentárias caem sob o clamor da população que foi ( e ainda está indo) às ruas pedir a saída de tiranos ou partidos que se amojaram no poderes e de lá parecia que não sairiam mais.
O parágrafo acima, repleto de clichês, é a tônica de como a imprensa mundial está fazendo a cobertura dos protestos que estão acontecendo em vários países árabes. Tudo começou na Tunísia, país pequeno, mais ou menos do tamanho do Estado de Alagoas, ex-colônia francesa, o povo foi às ruas para protestar contra a truculência policial que havia vitimado um feirante em Tunis (a capital) daí aos protestos se encaminharem às condições de vida e a corrupção generalizada, foi um pulo.
Dali foi para o Egito, cujo partido Pan-Arabe estava no poder desde os anos 1950, e dos quais os últimos 20 estavam com ditador Mubarak, que foi destituído do poder de forma quase vexatória.
Na Líbia é que a coisa pode ser um pouco diferente, Muammar Khadafi antes de ser um déspota sanguinário, é um político habilidoso. Nos anos 1970-1980, ele apoiou fortemente e declaradamente vários movimentos terroristas, dentro da ideologia do movimento Pan-Arabe, que culminou no atentado ao avião da Pam-Am sobre a cidade escocesa de Lockerbie, em 1988, os terroristas exploram esta avião em pleno vôo, matando todos os duzentos passageiros, o avião em chamas caiu sobre a cidade,matando mais um tanto número de pessoas, em suma, algo tão terrível quanto um “11 de Setembro”. Os EUA e as demais potências ocidentais impuseram um severo embargo comercial a Líbia. Nos anos 1990 Khadafi se distanciou do movimento Pan-Arabe e decidiu se aproximar do Ocidente, para isto assumiu a culpa sobre o atentado de Lockerbie, entregou à justiça americana-europeia os seus agentes que arquitetaram a explosão do avião (que estão presos até hoje), indenizou as famílias das vítimas com verdadeiras fortunas. Resultado, até bem pouco tempo Barack Obama fazia pose para fotos junto com Khadafi, e Hilary Clinton cumprimentava seus filhos. Em outras palavras, se Khadafi fez o que fez ainda conseguiu se reaproximar do ocidente, ele pode muito bem se safar dessa crise do momento. Aguardemos os próximos capítulos dessa novela líbia.
Essa história toda só nos faz lembrar que não devemos tomar partido neste conflito. Ditaduras nunca são defensáveis, mas nem todas as oposições são louváveis. Neste caldeirão onde estão os protestos no mundo árabe, tem gente de do tipo, de fundamentalistas teocráticos a grupos pró-americanos. A estabilidade frágil, porém previsível de certos governos despóticos dará lugar a incógnitas democráticas.
A impressão que se tem é que o Ocidente está meio perdido nisso tudo, não sabe se louva ou se teme esta mudança toda.
Então vamos esperar pra ver se o vento árabe da mudança é bom ou ruim pra todos nós e ao conceito ocidental de democracia.