Exoplanetas. Mundos fora do nosso
sistema solar. Quando olhamos para os céus na busca frenética por OVNIs
buscamos algo além do mero encantamento de ver um ET. Buscamos a possibilidade
de quebrarmos essa nossa solidão cósmica, tocar em objetos e seres que venham
de um ambiente totalmente novo, algo que não seja dessa nossa Terra e mostre
que a vida pule em todos os recantos do cosmos, ampliando nossas perspectivas
ante o infinito da Criação.
Mas OVNIs não existem, pelo menos
comprovadamente alienígenas, não. E o negrume do espaço sideral parece negar
peremptoriamente que exista vida em outros lugares que não nesse nosso
“mundinho azul”. Pelo menos no nosso sistema solar, Mercúrio e Venus são
quentes demais; Marte, frio e com atmosfera rarefeita demais, Saturno e
Júpiter, gigantes gasosos, nada pode ter lá justamente por serem gasosos;
Netuno e Urano, idem. Nada absolutamente nada indica que possa haver vida nas
nossas redondezas, pelo menos vida, na forma em que conhecemos.
Eis que aparece Kepler 186-f, um
exoplaneta sólido, localizado na zona habitável, aquela que permite a
existência de água em forma líquida, imprescindível para propiciar vida (pelo
menos vida como a conhecemos, faço questão de frisar mais uma vez), num sistema
solar a 500 anos luz do nosso Planeta Terra.
Óbvio que é impossível qualquer
forma de contato. E muito menos a confirmação da existência de água líquida na
sua superfície e consequentemente confirmação de vida. Mas é absolutamente
fascinante, empolgante, até mesmo
excitante a possibilidade que haja um outro lugar nesse espaço infinito em que
possa brotar e florescer vida.
E se esta vida evoluir para uma
racionalidade? Para uma espiritualidade? Ai sim a empolgação seria ainda maior.
E em se supondo que tivéssemos a oportunidade manter contato com essa provável racionalidade
alienígena, se por alguma magia tecnológica esses 500 anos luz fossem
reduzidos?
Que “humanidade” encontraríamos em
Kepler 186-f? Uma com que humilhe e oprima seus semelhantes por causa de posse
de bens materiais, classes, castas, nacionalidades? Uma que destrua seu
meio-ambiente e leve a extinção outras espécies? Uma que se julgue superior aos
demais e as aniquile? Uma que, enfim, não se mostre digna de usufruir de um
oásis cósmico, preferindo se consumir de forma irracional e insana?
Se for assim, nada teríamos a
perder, pois isto somos nós, pequeninos e patéticos Homo Sapiens que não cuida do nosso “pálido ponto azul” como deveríamos
cuidar. Prefiro crer que lá habitem seres excelsos, superiores, melhores
moralmente e racionalmente do que nós. Seres que respeitem o meio ambiente e
não o destrua em benefício próprio, seres que não oprimam seus semelhantes nem
os escravizem, seres que não desmatem, não cacem nem levem a extinção dezenas
de espécies a seu bel-prazer.
Prefiro crer que a sanha da
racionalidade não seja o suicídio ou a autodestruição, mas sim a evolução em
todas as suas formas. Prefiro sonhar que em outros mundos possa haver o paraíso,
pois o que há nesse nosso mundo nada mais é do que pequenas amostras do que
pode ser um pequenino inferno.