Fazia tempo
que eu queria escrever alguma coisa sobre uma indústria, certo tipo de
indústria que num passado recente era poderosa, importante, repletas de
empresas multinacionais, onipresente. Uma indústria que ditava moda, induzia
tendência, e principalmente faturava milhões e milhões. A indústria fonográfica.
A indústria
do disco, a indústria da música, considerava-se intocável no alto do pináculo
dos seus milhões. Cobrava o preço que queria sobre seus produtos, via de regra,
não prestigiava o talento de seus contratados, criava ídolos sem critério e
dizia às massas o que gostar e ouvir e o que repudiar e desprezar.
Tinham tudo
nas mãos, as mentes e os corações de milhões.
Até eu num
belo momento, do início do Século XXI, alguns estudantes ianques do Vale do
Silício começaram a compartilhar música entre seus computadores, e antes o que abstrato
e dependia de papel e vinil para se propagar virou somente mais um dado
traduzido por um software de PC. Um mero dado.
Agora você
tinha a música ao seu alcance, não precisava mais sair de casa, comprar um
disco, voltar para casa e escutar, pois faz isso tudo direto de casa, e melhor,
sem gastar absolutamente nada. Pronto, a outrora indústria poderosa sucumbiu
diante da rede mundial de computadores.
Mas sempre me
faltava algum tipo de informação para concluir este, pois estas informações já
são quase que plasmadas na História.
Dizer que o
fim da indústria fonográfica representou a democratização do acesso à música já
é fato corrente e corriqueiro, como corrente é o fato de afirmar que os
artistas da música hoje em dia não mais giram em torno de um disco físico para
expor e vender sua obra.
Mas está faltando
ainda um dado nesta história toda, e não sei o que é.
Talvez o fato
de que tudo tem dois lados, e o fim da indústria do disco, tem um lado bom representado pela democratização ao acesso do
conteúdo, tem um lado ruim, pois aumentou o desgaste dos artistas que amamos,
pois hoje eles têm que ralar muito mais para conseguir suas rendas, agora com
shows ao invés da venda de seus LP’s, CD’s e DVD’s isso sem falar no efeito
colateral representado pelo desemprego.
Confesso que
sou um sujeito à moda antiga, música para mim não se resume só ao ato de
escutar, mas o sim o de pegar uma capa, ler um encarte, é muito mais táctil,
coisas que o meu filho, por exemplo, não iria entender, pois se pode baixar
toda e qualquer música, de qualquer lugar e de qualquer estilo, a qualquer hora
e direto no seu computador.
Na balança
dos pros e dos contras ainda não achei o ponto de equilíbrio com o fim
declarado e assumido da indústria fonográfica, ora eu tendo a aplaudir (viva a
democratização da cultura, viva o fim dos oligopólios midiáticos!!!), ora eu
tendo a lamentar (nostalgia pura e simples, artistas ralando mais e ganhando
menos, desemprego de milhares de pessoas).
Talvez seja
por isso que eu não tenha conseguido fazer um texto que preste sobre o fim da
indústria fonográfica, resumindo-me tão somente
a este mero texto inconclusivo e ruim, mas fato é fato e dele não se
pode escapar. O que se pode alterar é a maneira de como se pode abortar tal
fato.
Outra coisa é
certa, o fim da indústria do disco representou a ascensão do sucesso dos
artistas locais, ou seja sem o fim dos impérios fonográficos dificilmente existiria
um Grafith ou um Arrocha ou mesmo um Aviões do Forró.
Resumindo,
não sei precisar se a morte da indústria do disco foi boa ou ruim...vou matutar
um pouco mais e quem sabe não escreva uma segunda parte deste texto...
E vocês, o
que acham?