Ao longo da História o embate entre o bem e mal permeou as estórias
humanas. O perene combate entre a luz e as trevas, o bem contra o
mal, o bom em detrimento do ruim, sempre esteve presente, de uma
forma ou de outra, na literatura, nas artes, nas fábulas, e até na
religião.
Invocando mais uma vez a História, o último e mais dramático
exemplo do embate entre o bem e o mal, se deu na II Guerra Mundial. É
certo contudo que em uma guerra, qualquer guerra, não há bons ou
ruins, e se existe este conceito, depende de quem vença para
escrever o relato, mas abstraindo esse ‘detalhe’, em poucas
vezes um confronto traduziu tão bem a luta entre as luzes e as
trevas. As democracias ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos da
América, se uniram a Rússia, então União Soviética, para
derrotar o nazifascismo. Capitalismo e comunismo se deram as mãos
para peitar um inimigo comum, muito maior, representando tudo que há
de pior, mais nefasto e abjeto, no espírito humano, e que o digam os
6 milhões de judeus sistematicamente assassinados nos campos de
concentração, só para citar o exemplo mais patente.
Na disputa eleitoral de 2018, mais do que nunca, fica claro o embate
entre bem e mal. De um lado temos Haddad, o bom moço, o cara
estudioso, que curte rock, e que virou professor universitário,
educado, cortes, voz mansa, tranquila, casado com a mesma mulher há
quase 30 anos, filhos gentis e “low profile”. Do outro temos
Bolsonaro, militar reformado, estilo fanfarrão, fala alto, grita,
brande o indicador como o cano de uma arma, três casamentos nas
costas, todos os filhos metidos na política, pelas mãos dele.
De um eventual governo Haddad, infelizmente distante, não se espera
grandes percalços, retomada de políticas sociais, no campo externo
fortalecimento do BRICS, Haddad seria uma grande presidente, discreto
e eficiente, tecnicamente irrepreensível.
De Bolsonaro espera-se o oposto, zero em políticas sociais,
perseguição e esvaziamento de direitos das minorias e
marginalizados, privatizações a toque de caixa, estado mínimo, bem
abaixo do necessário, no campo externo, total submissão aos
interesses dos EUA. Há quem diga que o ‘sucesso’ de Bolsonaro é
a autoridade que ele e seu discurso impõem, principalmente para uma
classe média alienada, uma elite descompromissada com o país, e um
povo acostumado a ser tangido feito gado, esse é o perfil em cada
‘classe social’ que vê em Bolsonaro um mito: o alienado de
classe média, o rico que despreza o Brasil e o pobre que vai pra
onde mandar que vá (repetindo só pra frisar!).
Mas a verdade é que Bolsonaro é um fascista, no que de pior que o
fascismo pode representar, um fascistóide! E nem venham seus
pequeninos bolsominions rebater que são frases tiradas do contexto,
pois foram frases ditas por ele mesmo (podem checar, está na
internet, que facilidade da vida moderna é um computador conectado):
“eu sou favorável a tortura”, “no voto não se muda nada nesse
país”, “temos que partir para uma guerra civil e fazer o que os
militares não fizeram, matando uns 30 mil, pode morrer inocente, mas
eu não tô nem ai não”, “temos que metralhar a Rocinha”, “vou
banir esses vermelhos do país, ou é cadeia ou exílio” . Isso só
meros exemplos do que esse sujeito já disse. Se isso não for
fascismo, não sei mais o que pode ser.
E é pra um sujeito desses que a gente está dando a presidência do
país, ele ainda sinalizou tirar o Brasil do acordo de Paris, que
trata da prevenção as mudanças climáticas, aumentar a exploração
da Amazônia, cassar os direitos dos indígenas e quilombolas (os
novos judeus?), uma tragédia ambiental e humana, se hoje a Floresta
Amazônica está sendo devastada e índios estão sendo brutalmente
assassinados e dizimados, o que dirá se a prática for até
incentivada por um governo, chacinas oficiais à vista.
Pois bem, todos sabem, até mesmo os seus mais ardorosos fãs, do
pouco apreço de Bolsonaro tem com as instituições, não me
admiraria se no curso do seu mandado, ele replique os Atos
Institucionais ( os famosos A.I.’s da ditadura), não me admiraria
se em pouco tempo, ele fechasse o Congresso e governasse mediante
Decretos (como ‘bom’ ditador), não me admiraria se, em nome da
segurança pública, fosse extinto o direito ao Habeas Corpus, não
me admiraria se houvesse uma intervenção o Poder Judiciário.
Censura as artes, a imprensa e a internet
E na cronologia clássica da ascensão de um fascista, não é
difícil imaginar Bolsonaro ‘derrogando’ a Constituição de 1988
e outorgando uma nova constituição, sem constituintes, só de
“notáveis”, abolindo cláusulas pétreas, direitos sociais e até
individuais, acabando a Federação, extinguindo os governos
estaduais e municipais, e ilegalizando, igualmente os símbolos
estaduais e municipais, centralizando tudo em torno do governo
central e sua volta, teríamos um ‘bolsonarismo’ um culto a
figura do líder que guia o povo com mãos de ferro, um “Heil
Bolsonaro!” braço erguido, só que invés da mão em riste,
teríamos um indicador apontado, que nem um cano de revólver.
Na constituição bolsonariana será permitida a reeleição
indefinidamente, quando ele morrer, já velho e caquético, assumirá
um dos seus filhos, uma autêntica ditadura hereditária, no pior
estilo do que foi os Duvalier no Haiti, os Saad na Síria.
Nesse futuro próximo remoto, o Brasil será uma terra devastada,
sem indústrias, tudo dominado por empresas estrangeiras. As
plantações verdejantes do sul e sudeste darão lugar a um deserto,
pois a destruição da Amazônia e do Cerrado não facilitarão as
chuvas.
O Brasil será uma distopia ‘a la Mad Max’, pior, com um povo
lobotomizado, relativizando o sofrimento, acreditando no líder forte
e centralizador, um “Messias”
O Brasil será uma terra devastada, com exceção de Brasília, não
de toda Brasília, mas da área correspondente ao Palácio do
Planalto, uma ilhota verde diante do mar ocre e cinza que será o
resto do Brasil, lar do clã Bolsonaro
E se uma máquina do tempo jogasse um de 2018 nesse futuro, tal qual
‘De volta para o Futuro’, na indagação inocente de um George
McFly: ‘quem é o Presidente do Brasil?’, a resposta seria: ‘ora,
é o Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro Neto’