Eu não gosto muito de dar azo ao
que não concordo, acho desnecessário, principalmente nestes dias mais recentes
em que a intolerância, misturadas a espíritos despóticos dão a tônica dos discursos,
e alimentam rancores.
Todos, ou quase todos, sabem do
meu posicionamento político, da minha
postura em favor de alinhamentos progressistas ao invés de conservadores, mas
eu vou buscar abstrair ao máximo expor minhas crenças e meus “cânones”
ideológicos e me ater essencialmente aos atos.
Sim, eu vou me atrever a falar de
política, e política nos dias de hoje. Sei que muitos que forem ler o que ora
escrevo poderão me interpelar com números e mais números, textos de gente “gabaritada/inteligente”
como Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo, ou Rodrigo Constantino. Capas e mais
capas da Veja, ou a última fala de Bonner, mostrando o “desandar” do atual
governo. Mas eu estou acostumado a não ser entendido, então vamos lá.
Vejamos, ano passado tivemos a
reeleição da Presidente Dilma, após uma acirrada disputa (fato inconteste, ela
foi eleita com a maioria dos votos do eleitorado brasileiro, e na democracia,
quem tem mais votos leva); os grupos de oposição, desde então vem
sistematicamente tentando desestabilizar o seu governo desde então (seja por
ação das grandes corporações de mídia, criando factoides, ou exagerando, ou
mesmo distorcendo informações). A classe média, destinatário final de boa parte
da produção midiática destas grandes corporações absorvem quase sem digerir
toda esta massa de informações, sem quase nenhum critério crítico, levando-os a
pateticamente bater solitárias panelas, num “espetáculo” esdrúxulo e
deprimente, de quão manipulável esta classe é. Segundo, criou-se no âmbito
político, um movimento pro impeachment (ou Golpe) capitaneado por políticos
notoriamente sem escrúpulos, e não eu quem digo que estes políticos não têm
escrúpulos, são as próprias notícias que o dizem (exemplo: Eduardo Cunha,
presidente da Câmara, eleito com apoio das milícias do RJ, titular de contas na
Suíça, onde comprovadamente recebeu dinheiro por peculato e lobby de grandes
empreiteiras por interveniência em estatais; Aécio Neves, candidato derrotado,
um déspota pouco esclarecido e mimado, cocainômalo reconhecido, dado a confundir
o público com o privado, tendo no esbroso caso do aeroporto da cidade de Cláudio
(MG) como expoente máximo de corrupção; dentre outros pulhas, e me desculpem o
usos deste termo, como Cássio Cunha Lima, Agripino Maia, aquele cassado por
corrupção, este apontado por receber milhões no escândalo do DETRAN, só para
citar o que memória me traz nesse momento), em outras palavras, não há
absolutamente ninguém na oposição que tenha autoridade moral para pedir
impedimento, nem sequer sonhar em exigir ética por parte do atual governo.
Se filtrarmos ao máximo as
notícias vomitadas pela grande mídia nos parcos cérebros que delas usam como
fonte primária de informação, é patente perceber que estes grupos não querem,
nem buscam ética na política, eles querem sim retirar do poder uma pessoa, e,
sobretudo um partido político, que não faz parte da panelinha deles. Resumindo de
forma bem clara, eles não querem honestidade no Planalto, eles querem tirar o
PT, custe o que custar.
Os efeitos colaterais disto: uma
radicalização sem precedentes, discursos de ódio e rancor, de ambas as partes,
sobretudo nas redes sociais, com ofensas de baixo calão nas mais variadas
intensidades e principalmente de ambos os lados, tanto da esquerda (situação)
quanto direita (ora oposição). Além de tristes exemplos de brutalidade e falta de educação e
civilidade. O ministro da justiça José Eduardo Cardozo (o Cardoso dele é com “z”
mesmo) hostilizado em um shopping em São Paulo, João Pedro Stédile perseguido e
quase linchado em Fortaleza, no velório de José Eduardo Dutra (ex-presidente do
PT e da Petrobras), distribuição de panfletos com os dizeres “petista bom é
petista morto” numa demonstração de desrespeito não ao político que ele
representou, mas a de falta de respeito para com os familiares que ali
lamentavam a morte de um ente seu.
E digo e repito: ninguém na
oposição quer ética na política eles querem tirar o PT do poder.
Agora, a radicalização é
preocupante, pois apesar dos pesares o Brasil tem se conservado um Oasis de paz
nessa América Latina tão dada a guerras civis. Se nós temos um MST devemos
agradecer não ter uma FARC, e se não somos uma Cuba (como a direita gosta tanto
reverberar) podemos muito bem nos tornar uma Colômbia, com grupos paramilitares
tanto de direita como de esquerda, não trocando ofensas verbais, mas balas num
conflito armado.