O meu filho
de 17 anos tem um gosto muito apurado, principalmente no que tange a música,
não por Ser meu filho, mas, por ele mesmo.
Ele sabe de
“co-e-salteado” nomes de canções, cantores e cantoras, grupos, autores e
intérpretes, tudo na ponta da língua, e mais, cantarola com a mesma fluência.
No entanto tudo, ou quase tudo que ele sabe, gosta e aprecia tem com a atualidade.
É tudo coisa do “meu” tempo: anos 1970’s, 1980’s e pitadas pontuais dos anos
1990’s. Coisas que foram compostas quando sequer sonhava ele em ser concebido.
E não é só
ele não, muitos jovens também, alguns mais, outros menos, também lança seus
olhos, e principalmente ouvidos, ao
passado.
“Pai, é que
hoje só se faz porcaria”. Costuma dizer ele toda vez que lhe indago o porquê de
gostar de coisas do “meu” tempo.
Confesso que
ando meio por fora do que se faz hoje, e principalmente se é ou não porcaria.
Mas no “meu” tempo não precisava estar por dentro para poder ser contaminado
pelo impacto criativo, não precisava ser inteirado em rock ou grunge para não
arregalar os olhos ante a fúria melancólica de um Kurt Cobain; não precisava
saber o que estava acontecendo em Londres com os acordes e guitarras com som de
sitar do Echo and The Bunnymen ou The Mission. E os anos 1970’s, ah! Nem se fala, com tantos
nomes bons, Genesis, Yes, Led Zeppelin, Supertramp, eita que a lista é longa e
diversificada.
E no nosso
Brasil também, não se tem um novo Chico Sciense, um novo Legião Urbana, um novo Caetano ou
Djavan.
No Brasil, eu
não vejo uma nova Maria Gadu, no mundo a fora, não vejo uma nova Lady Gaga,
enfim, nada, absolutamente nada há de novo no front.
Talvez a
ausência de uma indústria fonográfica forte, que nos diga o que é bom ou ruim, seja a causa, ou talvez
não. Resumimos as novidades a programas de auditório, tipo The Voice, ou
X-Factor, ou Superstar, onde uma nova geração de músicos e estrelas em
potencial se perdem numa competição besta, e cantando músicas antigas, ainda
por cima.
Por outro
lado também, todos os horizontes da criação, não só em nível musical, mas como
em outras manifestações artísticas, já foram percorridos e explorados, restou
muito pouco de novo e impactante a se dizer. E a isto somado a redução do nível
educacional das plateias, não só no Brasil, mas em todo esse Planeta, piora ainda
mais, se prefere os chavões, os refrões fáceis, a rima chula, algo do tipo
“...eu vou comer a tua irmã...” ou coisa do gênero e daí pra baixo.
Tudo isso diz
muito respeito ao futuro, e ao presente não só da música em si, mas de todas as
mídias. Graças a internet, está tudo muito pulverizado, sem grandes corporações
para catapultar certos artistas, vê-se uma multidão de rostos novos indo e
vindo, e não mais aqueles milhões de discos vendidos, discos de ouro, platina,
platina duplo, e tudo mais mediato, mais só “quinze minutos de fama” e só. Isso
pode representar uma democratização do acesso ao estrelato, como também uma
‘efemerização’ da atividade artística como um todo.
Mais uma vez,
culpa da morte da indústria fonográfica brasileira e mundial. Se é pra lamentar
ou comemorar ou se isso é bom ou ruim não sei, só sei que é isso que ocorre, e
o resto só o amanhã dirá.