O dia 08/07/2014 estava
diferente, aliás, desde manhãzinha foi um dia diferente, uma terça-feira com
cara e jeito de sábado, havia um certo que diferente no ar, esquisito, havia
tensão, o oxigênio estava pesado, com partículas imaginárias de enxofre, estava-se
com o coração na mão, uma apreensão geral, misturada com medo e uma latente
“voz”, quase onipresente, mas que não vinha, nem saia de nenhuma garganta, contudo
falava ao ouvido de cada um: “...não
somos dignos, não merecemos nada, eles são melhores, eles vão vencer, nós somos
o suprassumo do extrato do nada...”
E
essa “voz” intermitente atingia
não só os incautos, mesmo os mais otimistas, mesmo aqueles que apostaram alto
no seu otimismo do selecionado canarino, ouviram também essa “voz”.
Essa tal “voz” tinha um nome:
“SUBCONCIENTE COLETIVO”, e a frase que ela dizia poderia ser resumida pelo
eterno “COMPLEXO DE VIRA-LATAS” que assola a mentalidade brasileira desde
quando o Brasil se entende por Brasil.
Então começou o jogo, a emoção
fez esquecer tudo. Alegria, júbilo patriótico, fogos e bandeiras tremulantes.
Mas de repente um, dois, três, quatro, cinco, seis e SETE gols do selecionado
adversário. Tristeza generalizada, decepção total. Esperava-se uma derrota até,
mas não tão retumbante. Sete! Sete gols num espaço de tempo relativamente curto.
Eu odeio futebol e depois desse
espetáculo patético da “Família Scolari” passei a odiar ainda mais.
Logo os interessados para tirar
proveito da situação. A grande imprensa brasileira, louca para derrubar o
governo e restituir o poder para aquelas velhas caras, modos e jeitos da
direita sanguessuga e que mostrado um país perto do caos total (muito embora
não exista tal caos de fato) ajudou a transformar esse acontecimento esportivo
num gesto de comoção nacional.
a derrota mais mostrada quase
como uma desastre. Nem se estivéssemos numa guerra e ainda a perdido, geraria
tanta comoção.
Por anos e anos, o patriotismo
brasileiro foi invariavelmente associado ao futebol, não adianta o Brasil ter
uma história peculiar, uma cultura rica, um música mais rica ainda, um povo
multiético e promissor, a gente só lembra de desfraldar bandeiras de quatro
em quatro anos durante a danada de uma
copa do mundo de futebol.
Será que para a maior parte do
povo, a representação máxima da brasilidade é uma porqueira de uma seleção, com
mais ou menos vinte e três cabras semi-alfabetizados? Será que temos só isso
pra se orgulhar?
Se a tal seleção vai bem, tudo
bem. Se vai mal, vai-se tocar fogo em bandeiras, gritar a pleno pulmões: somos
sim vira-latas!
A elite brasileira, preguiçosa e
acéfala, adora olhar os Estados Unidos como paradigma de tudo de bom. Então
deveria olhar como os americanos se olham enquanto nação. Eles não tem vergonha
da sua bandeira (feia que só a ‘bixiga’, se comparada a nossa, por sinal) a
estendem a todo o momento. Não tem um único filme o série de TV americanos em
que a não a apareça nem que seja de relance. O patriotismo americano é
“multidimencional”, não se restringe só a um aspecto.
Se tivermos uma coisa a aprender
com eles é que a nacionalidade,
nacionalismo, etc., não é prender só a esporte ou a um jogo, mas se julgar o
melhor, mesmo que não se seja de verdade, mas acreditar que se é sempre o
melhor.
E o Brasil, enquanto país, é
muito maior e melhor que qualquer timeco
de uma esporte besta.